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Como um metal antigo pode revolucionar diagnóstico e tratamento do Alzheimer

Estudos apontam que o lítio pode ter papel crucial na saúde cerebral, com potencial para detectar precocemente e tratar a doença

Internacional|Do R7

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Pesquisas da Escola de Medicina de Harvard mostram que o lítio pode ser crucial na detecção e tratamento do Alzheimer.
  • A redução do lítio no cérebro está associada ao desenvolvimento da doença, enquanto a reposição pode reverter danos.
  • O lítio ajuda na saúde cerebral, influenciando a comunicação neuronal e a eliminação de placas beta-amiloides.
  • Embora os resultados sejam promissores, o tratamento com lítio ainda não foi validado em humanos e requer mais estudos.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Lítio tem papel central na manutenção da saúde mental Divulgação/Robina Weermeijer/Unsplash

Pesquisas conduzidas por cientistas da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, revelam que o lítio, um metal usado contra o transtorno bipolar, pode desempenhar um papel fundamental na detecção precoce e no tratamento da doença de Alzheimer.

Os estudos, que levaram sete anos, mostram que a redução desse metal no cérebro está associada ao desenvolvimento da doença, ao mesmo tempo em que a reposição dele em pequenas doses pode reverter danos causados pela condição.


As descobertas das pesquisas, que foram feitas com camundongos, foram publicadas na quarta-feira (6) na revista Nature.

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Lítio e cérebro: descoberta promissora

O lítio está naturalmente presente em pequenas quantidades no corpo humano, semelhante a nutrientes como vitamina C ou ferro.


Ele atua na manutenção da saúde cerebral, ajudando na comunicação entre neurônios, na formação de mielina (que protege as conexões cerebrais) e na função das células microgliais, responsáveis por eliminar detritos celulares, como as placas beta-amiloides, características do Alzheimer.

Os estudos, liderados pelo professor de genética e neurologia Bruce Yankner, da Escola de Medicina de Harvard, mostram que a redução de lítio na dieta de camundongos saudáveis levou a alterações cerebrais associadas ao envelhecimento acelerado, como inflamação e perda de sinapses.


Em camundongos geneticamente modificados para simular o Alzheimer, a deficiência de lítio acelerou o acúmulo de placas beta-amiloides e emaranhados de tau, além de agravar a perda de memória.

Por outro lado, a administração de orotato de lítio, um composto que não se liga às placas beta-amiloides, reverteu essas alterações.


Camundongos tratados recuperaram a capacidade de navegar em labirintos e reconhecer objetos, indicando melhora na memória e no raciocínio. “Descobrimos que o orotato de lítio reverteu a memória de camundongos envelhecidos ao nível de um adulto jovem”, disse Yankner ao jornal The Washington Post.

Potencial diagnóstico e terapêutico

A pesquisa sugere que medir os níveis de lítio no sangue, no líquido cefalorraquidiano ou por imagens cerebrais pode ajudar a identificar sinais de Alzheimer anos antes dos primeiros sintomas.

Análises de mais de 500 cérebros humanos, conduzidas por Yankner e sua equipe, revelaram que pacientes com Alzheimer ou comprometimento cognitivo leve apresentavam níveis de lítio significativamente mais baixos do que indivíduos com função cerebral normal.

Atualmente, os tratamentos para Alzheimer, como os medicamentos aducanumabe, lecanemabe e donanemabe, ajudam a gerenciar sintomas e retardar o declínio cognitivo, mas não interrompem ou revertem a doença.

Medicamentos como donepezil, rivastigmina e galantamina, da classe dos inibidores da colinesterase, aumentam os níveis de acetilcolina, um neurotransmissor essencial para a memória, mas também têm efeito limitado.

Cuidados e próximos passos

Apesar dos resultados promissores, Yankner alerta que as descobertas ainda não foram validadas em humanos. “Não recomendo que as pessoas tomem lítio neste momento, porque não foi validado como tratamento em humanos. Um camundongo não é um ser humano”, disse.

Ele acrescenta que as doses usadas nos experimentos são cerca de 1.000 vezes menores do que as prescritas para transtorno bipolar, o que pode reduzir riscos de efeitos colaterais, como toxicidade renal ou na tireoide.

A pesquisa também encontrou uma relação entre o lítio e a dieta. Alimentos como vegetais de folhas verdes, nozes, leguminosas e algumas especiarias, além de certas águas minerais, são fontes naturais do metal.

Com mais de 7 milhões de norte-americanos afetados pelo Alzheimer — número que pode chegar a 13 milhões até 2050, segundo a Associação de Alzheimer dos EUA —, as descobertas abrem portas para novos tratamentos e métodos de diagnóstico.

A equipe de Yankner planeja avançar para testes de toxicidade com sais de lítio e explorar o potencial do orotato de lítio no tratamento de outras doenças neurodegenerativas, como o Parkinson.

“É um candidato potencial para um mecanismo comum que leva à degeneração cerebral. Será preciso muito mais ciência para determinar se esta é uma via comum ou uma entre várias”, explicou Yankner à rede norte-americana CNN.

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