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Confira a cronologia dos ataques dos EUA a barcos do narcotráfico que mataram 83 pessoas

Governo americano diz que operações são contra fluxo de drogas e considera os mortos como ‘combatentes ilegais’

Internacional|Michael Rios, Avery Schmitz e Matt Stiles, da CNN

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Cenas dos ataques americanos a barcos que supostamente levariam drogas Pete Hegseth/X/Donald Trump/Truth Social via CNN Newsource

Os militares dos EUA mataram 83 pessoas em 21 ataques que destruíram 22 barcos, como parte de uma campanha que Washington afirma ter como objetivo reduzir o fluxo de drogas para os Estados Unidos.

Houve três sobreviventes desses ataques, dois dos quais foram detidos brevemente pela Marinha dos EUA antes de serem devolvidos aos seus países de origem. O outro é considerado morto após buscas realizadas pela Marinha mexicana.


O governo Trump informou ao Congresso que os EUA estão agora em um “conflito armado” contra os cartéis de drogas, a partir do primeiro ataque em 2 de setembro, classificando os mortos como “combatentes ilegais”.

Também alega ter a capacidade de realizar ataques letais sem revisão judicial devido a uma conclusão confidencial do Departamento de Justiça.


Alguns membros do Congresso, assim como grupos de direitos humanos, questionaram essa conclusão e argumentaram que os potenciais traficantes de drogas deveriam ser processados, como era a política de interdição implementada pelos EUA antes da posse do presidente Donald Trump.

O governo Trump também não apresentou provas públicas da presença de narcóticos nos barcos atingidos, nem de sua ligação com os cartéis de drogas.


Autoridades militares afirmaram que nenhum militar americano ficou ferido nos ataques.

Veja a cronologia dos ataques

2 de setembro, primeiro ataque

O primeiro ataque a uma embarcação no Caribe ocorreu em 2 de setembro.


Trump anunciou a ofensiva em suas redes sociais e afirmou que, sob suas ordens, as forças americanas “realizaram um ataque cinético contra narcoterroristas do Tren de Aragua identificados positivamente na área de responsabilidade do Comando Sul (SOUTHCOM)”.

“O Tren de Aragua é uma Organização Terrorista Estrangeira designada, operando sob o controle de Nicolás Maduro, responsável por assassinatos em massa, tráfico de drogas, tráfico sexual e atos de violência e terror nos Estados Unidos e no Hemisfério Ocidental”, escreveu Trump no Truth Social.

“Que isso sirva de aviso para qualquer pessoa que esteja pensando em trazer drogas para os Estados Unidos da América. CUIDADO!”, acrescentou.

A CNN informou que, durante reuniões com membros do Congresso, autoridades do Departamento de Defesa não apresentaram provas conclusivas de que os alvos do primeiro ataque eram membros do Tren de Aragua, e que os presentes disseram que as autoridades militares não conseguiram determinar com certeza o destino pretendido da embarcação.

A CNN também noticiou que o barco aparentemente deu meia-volta antes de ser atingido.

O ataque matou 11 pessoas.

15 de setembro

Menos de duas semanas depois, as forças armadas dos EUA realizaram um segundo ataque contra uma embarcação em águas internacionais, matando três pessoas.

Trump afirmou que a embarcação supostamente “transportava narcóticos ilegais” da Venezuela.

“Esses cartéis de narcotráfico extremamente violentos REPRESENTAM UMA AMEAÇA à segurança nacional dos EUA, à política externa e a interesses vitais dos EUA”, acrescentou.

O ataque ocorreu em meio a crescentes tensões com o país, enquanto os Estados Unidos mobilizavam recursos militares para a região.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, descreveu os ataques a barcos como “execuções em série” e pediu à ONU que investigasse o caso, afirmando que os EUA buscam uma mudança de regime. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse que isso equivale a “uma guerra não declarada”, enquanto o Ministério das Relações Exteriores denunciou a “ameaça militar” de Washington.

Na época, o Secretário de Defesa Pete Hegseth e o Secretário de Estado Marco Rubio disseram que esperavam mais atividades no Caribe, em um esforço para reduzir o tráfico de drogas para os EUA.

19 de setembro

Quatro dias depois, Trump anunciou outro ataque militar letal contra uma embarcação suspeita de tráfico de drogas, que, segundo ele, era afiliada a uma organização terrorista designada.

“Informações de inteligência confirmaram que a embarcação traficava narcóticos ilícitos e estava navegando por uma rota conhecida de narcotráfico, a caminho de envenenar americanos”, publicou Trump no Truth Social, juntamente com um vídeo da operação.

Três pessoas morreram no ataque.

3 de outubro

Hegseth anunciou que as forças armadas dos EUA realizaram um quarto ataque, no qual quatro pessoas morreram.

O ataque ocorreu em águas internacionais, próximo à costa da Venezuela, escreveu Hegseth em uma publicação nas redes sociais.

Ele não especificou a qual organização terrorista o barco estaria ligado, mas acrescentou que “Nossa inteligência, sem dúvida, confirmou que esta embarcação traficava narcóticos, as pessoas a bordo eram narcoterroristas e operavam em uma rota de trânsito conhecida pelo narcotráfico”.

14 de outubro

Seis pessoas morreram no quinto ataque dos EUA a uma embarcação, descrita por autoridades como estando na costa da Venezuela.

Mais uma vez, Trump afirmou que a embarcação era “afiliada a uma Organização Terrorista Designada”, mas não nomeou um grupo específico nem apresentou provas das atividades do barco.

Em uma carta ao Congresso no início de outubro, o Pentágono afirmou que Trump havia determinado que os Estados Unidos estão em um “conflito armado” com os cartéis de drogas que sua administração designou como organizações terroristas, e os traficantes dos cartéis são “combatentes ilegais”.

16 de outubro

Os EUA realizaram o sexto ataque a um barco no Caribe. Acredita-se que esta tenha sido a primeira operação em que nem todos os tripulantes a bordo foram mortos.

Os dois sobreviventes, um do Equador e outro da Colômbia, foram enviados de volta aos seus países de origem após serem detidos brevemente em um navio da Marinha dos EUA.

“Pelo menos 25.000 americanos morreriam se eu permitisse que este submarino chegasse à costa. Os dois terroristas sobreviventes estão sendo devolvidos aos seus países de origem, Equador e Colômbia, para detenção e julgamento”, publicou Trump no Truth Social.

Jeison Obando Pérez, de 34 anos, foi identificado como o sobrevivente repatriado para a Colômbia em uma publicação no X feita pelo ministro do Interior do país, Armando Benedetti. Pérez chegou “com traumatismo craniano, sedado, drogado e respirando com a ajuda de um ventilador”, disse Benedetti, acrescentando que ele recebeu atendimento médico.

O sobrevivente, originário do Equador, foi identificado como Andrés Fernando Tufiño Chila, de 41 anos, segundo registro da Polícia Nacional do Equador obtido pela CNN. Ele chegou ao país em 18 de outubro e passou por uma avaliação médica.

A Procuradoria-Geral do Equador informou, em 20 de outubro, que não há informações de que Tufiño Chila tenha cometido algum crime em território equatoriano. No entanto, documentos judiciais dos EUA indicam que ele foi preso, condenado e encarcerado em 2020 por tráfico de drogas na costa do México, antes de ser deportado.

“Não, não… Ele não é. Ele não é um criminoso”, disse a irmã de Tufiño Chila, que pediu anonimato por motivos de segurança, em declarações à CNN de uma pequena cidade litorânea perto de Guayaquil, no Equador.

17 de outubro

Hegseth anunciou que um sétimo navio alvo, “transportando quantidades substanciais de narcóticos”, foi atingido e que era afiliado a uma organização terrorista colombiana.

Os três tripulantes a bordo foram mortos.

“Esses cartéis são a Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental, usando violência, assassinatos e terrorismo para impor sua vontade, ameaçar nossa segurança nacional e envenenar nosso povo”, escreveu Hegseth.

“As forças armadas dos Estados Unidos tratarão essas organizações como os terroristas que são — serão caçadas e mortas, assim como a Al-Qaeda.”

Os ataques provocaram confrontos públicos com o presidente colombiano Gustavo Petro, que acusou os Estados Unidos de matar um cidadão colombiano inocente durante um de seus ataques a navios no Caribe. Trump anunciou que cancelaria toda a ajuda e subsídios dos EUA ao país.

21 e 22 de outubro, primeiros ataques no Pacífico

As forças armadas dos EUA realizaram ataques letais contra dois navios no Pacífico, matando todos a bordo de cada embarcação, segundo Hegseth.

Duas pessoas morreram no oitavo ataque e três no nono.

Hegseth escreveu no X que o primeiro navio alvo no Pacífico era “operado por uma Organização Terrorista Designada e envolvido em narcotráfico no Pacífico Oriental”, acrescentando: “Sabíamos, por nossa inteligência, que o navio estava envolvido no contrabando de narcóticos”.

A ação contra navios no Pacífico pareceu marcar uma expansão da campanha militar dos EUA, já que os sete ataques anteriores foram todos realizados contra embarcações no Mar do Caribe.

“Narcoterroristas que pretendem trazer veneno para nossas costas não encontrarão porto seguro em nenhum lugar do nosso hemisfério”, disse Hegseth.

24 de outubro

O décimo ataque matou todos os 6 tripulantes.

O secretário de Defesa disse que os EUA realizaram um ataque noturno contra um navio supostamente operado pela Tren de Aragua no Caribe.

27 de outubro, múltiplos ataques

Hegseth relatou, pela primeira vez, múltiplos ataques em um único dia, com três mísseis atingindo quatro embarcações em águas internacionais do Pacífico Oriental na segunda-feira, 27 de outubro.

Ele informou que 14 pessoas morreram a bordo das embarcações “operadas por organizações terroristas designadas” e que houve um sobrevivente que não foi encontrado.

“As quatro embarcações eram conhecidas por nossos serviços de inteligência, transitando por rotas conhecidas de narcotráfico e transportando narcóticos”, declarou o Secretário de Defesa.

Hegseth disse que as Forças Armadas dos EUA entraram em contato com o governo mexicano para procurar o sobrevivente. A Marinha mexicana realizou uma busca pela pessoa, que agora é considerada morta.

29 de outubro

As Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram um ataque a uma embarcação no Oceano Pacífico que deixou quatro mortos, informou Hegseth.

“Esta embarcação, assim como todas as outras, era conhecida por nossa inteligência por estar envolvida no contrabando de narcóticos ilícitos, estava transitando por uma rota conhecida de narcotráfico e transportando narcóticos”, disse o Secretário de Defesa em uma publicação no Facebook. Ele acrescentou que as forças americanas não sofreram baixas.

1º de novembro

Os militares dos EUA realizaram um ataque a outra embarcação no Mar do Caribe e mataram três pessoas a bordo, segundo Hegseth.

“Hoje, sob as ordens do Presidente Trump, o Departamento de Defesa dos EUA realizou um ataque a uma embarcação no Mar do Caribe, matando três pessoas a bordo.”

O secretário de Defesa dos EUA, David Hegseth, anunciou em seu perfil no Facebook, um ataque cinético letal contra outra embarcação envolvida no narcotráfico, operada por uma Organização Terrorista Designada (OTD), no Caribe. Ele observou que nenhum militar americano ficou ferido no ataque.

4 de novembro

Hegseth anunciou que as forças armadas dos EUA atacaram outra embarcação “envolvida no contrabando de narcóticos” no Pacífico Leste, matando duas pessoas a bordo.

O secretário de Defesa dos EUA publicou novamente um vídeo não classificado do ataque em seu perfil no Facebook, observando que nenhum militar americano ficou ferido e que a embarcação foi atingida em águas internacionais.

6 de novembro

As forças armadas dos EUA realizaram um ataque contra uma embarcação no Caribe, matando três pessoas, segundo Hegseth.

“A embarcação traficava narcóticos no Caribe e foi atingida em águas internacionais”, disse Hegseth em uma publicação no Facebook, acrescentando que nenhum militar americano ficou ferido no ataque.

9 de novembro

As forças armadas dos EUA realizaram outro ataque. O Pentágono realizou dois ataques letais contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas no domingo, matando seis pessoas no Pacífico Oriental, segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth.

As Forças Armadas lançaram dois ataques letais contra duas embarcações distintas “operadas por organizações terroristas designadas”, escreveu Hegseth no Facebook, sem revelar a quais organizações as tripulações dos navios supostamente tinham ligação.

“Nossa inteligência sabia que essas embarcações estavam associadas ao contrabando de narcóticos, transportavam narcóticos e transitavam por uma rota conhecida de narcotráfico no Pacífico Oriental”, disse Hegseth.

10 de novembro

O Pentágono realizou seu 20º ataque contra uma embarcação supostamente envolvida com tráfico de drogas em 10 de novembro, informou um oficial do Departamento de Defesa em 13 de novembro.

“O ataque ocorreu no Caribe e quatro narcoterroristas foram mortos, sem sobreviventes”, confirmou o oficial em um comunicado à CNN.

15 de novembro

O Pentágono realizou, em 15 de novembro, o 21º ataque conhecido contra uma embarcação suspeita de tráfico de drogas. O Comando Sul dos EUA anunciou no dia seguinte a apreensão de uma embarcação supostamente envolvida com tráfico de drogas.

“Informações de inteligência confirmaram que a embarcação estava envolvida no contrabando de narcóticos, transitando por uma rota conhecida de narcotráfico e transportando drogas”, publicou o Comando Sul nas redes sociais. “Três narcoterroristas do sexo masculino a bordo da embarcação foram mortos.”

“A embarcação traficava narcóticos no Pacífico Oriental e foi atingida em águas internacionais”, segundo o comunicado.

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