Quem é o magnata da mídia condenado por ‘ameaçar a segurança’ de Hong Kong
Filho de uma família pobre da China, Jimmy Lai construiu fortuna e se tornou uma figura central do jornalismo local
Internacional|Do R7
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Jimmy Lai, magnata da mídia e um dos principais nomes do movimento pró-democracia de Hong Kong, foi considerado culpado nesta segunda-feira (15) pelo Tribunal Superior do território por acusações de conspiração com forças estrangeiras e sedição relacionadas à segurança nacional. Aos 78 anos, o editor do extinto jornal Apple Daily pode enfrentar prisão perpétua.
O veredito encerra um processo judicial que se arrastou por cinco anos e foi acompanhado de perto pela comunidade internacional. Durante a leitura da decisão, a juíza Esther Toh afirmou que ficou comprovado que Lai conspirou para minar a segurança nacional e que o empresário demonstrava “ódio e ressentimento” contra a China.
A audiência ocorreu no complexo judicial de West Kowloon sob forte esquema de segurança e com a presença de diplomatas ocidentais, entre eles representantes do Reino Unido.
Filho de uma família pobre da China continental, Jimmy Lai construiu sua fortuna em Hong Kong e se tornou uma figura central do jornalismo local ao fundar o Apple Daily em 1995. O tabloide ganhou projeção por sua linha editorial crítica a Pequim e por apoiar abertamente movimentos pró-democracia.
Lai também alcançou notoriedade como empresário e ativista político, posicionando-se publicamente contra a influência crescente do Partido Comunista Chinês sobre a ex-colônia britânica.
Segundo a acusação, o Apple Daily publicou artigos que incentivaram a participação nos protestos pró-democracia de 2019 contra o projeto de lei de extradição. Os promotores sustentaram ainda que Lai atuou como “mentor e suporte econômico” do grupo Stand with Hong Kong, acusado de promover campanhas internacionais para pressionar governos estrangeiros e defender sanções contra autoridades chinesas e locais.
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Para o Ministério Público, Lai usou sua plataforma midiática para buscar apoio externo e fomentar “hostilidade organizada” contra Hong Kong e Pequim.
A defesa argumentou que o jornal expressava posições legítimas no debate público e que a liberdade de imprensa garantia ampla margem editorial. Os advogados afirmaram que opiniões políticas foram indevidamente enquadradas como sedição e que o trabalho jornalístico foi criminalizado.
O tribunal, no entanto, concluiu que Lai se envolveu deliberadamente em conspirações ao longo de vários anos, com o objetivo de enfraquecer o governo chinês e a liderança de Hong Kong, atuando não apenas como comentarista, mas como articulador político.
Preso desde 2020, Lai viu o Apple Daily ser fechado em 2021 após uma operação policial que mobilizou cerca de 500 agentes, bloqueou os ativos do jornal e levou à prisão integrantes da diretoria. O julgamento teve início em dezembro de 2023 e se estendeu por mais de 150 dias, bem além do cronograma inicial. Três empresas ligadas ao caso também foram condenadas, conforme a decisão de 856 páginas divulgada pelo tribunal.
A condenação gerou forte reação internacional. O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese e autoridades do Reino Unido classificaram o processo como politicamente motivado. O governo britânico pediu a libertação imediata de Lai, que possui cidadania britânica, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da China criticou o que chamou de “interferência” de países estrangeiros nos assuntos internos chineses.
Organizações de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa também condenaram o veredito. Para Elaine Pearson, da Human Rights Watch, a condenação “é cruel e uma farsa judicial”. A ONG Repórteres Sem Fronteiras afirmou estar indignada com o que classificou como acusações forjadas, enquanto a Anistia Internacional avaliou que o caso representa um golpe decisivo contra a liberdade de imprensa em Hong Kong.
Símbolo da luta pró-democracia, Jimmy Lai já passou mais de cinco anos na prisão por condenações anteriores. Ele enfrenta problemas de saúde, incluindo diabetes e doenças cardíacas, e seus apoiadores alertam para a deterioração de seu estado físico.
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