Conselheiro de Trump diz que EUA ainda não controlaram a pandemia
Anthony Fauci, da força-tarefa da Casa Branca, disse que país pode enfrentar "graves consequências" se reabrir economia de maneira apressada
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Principal conselheiro do presidente dos EUA, Donald Trump, nos esforços de resposta à pandemia do novo coronavírus, o médico imunologista Anthony Fauci disse nesta terça-feira (12) que o país ainda "não tem controle" sobre a propagação da doença e alertou sobre os riscos de uma reabertura sem cuidados.
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Fauci e o diretor do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Chris Redfield, fizeram um testemunho por meio de videoconferência com membros do Senado norte-americano, sobre os esforços do governo do país e as perspectivas para a retomada da economia e da vida cotidiana a médio e longo prazo.
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"Pode haver graves consequências se reabrirmos tudo rapidamente e sem nenhum controle. Há o risco real se acontecer um novo surto, mais grave e difícil de controlar, se não tomarmos cuidado", alertou ele. "Além de mortes e sofrimento que poderiam ser evitadas, isso pode atrasar ainda mais a retomada econômica".
"Se você pensa que temos tudo sob controle, não temos. Se você olhar a dinâmica da pandemia, temos uma diminuição nas internações e novos casos, como em Nova York, onde a curva achatou e começa a cair, mas em outras partes do país, temos visto picos aparecendo", disse Fauci em uma de suas respostas.
Para o médico, apesar dos sinais animadores, o país precisa ter uma política de resposta em breve, para evitar novas ondas de contário. "Temos o risco de que a doença ressurja. Espero que quando isso aconteça, no outono, tenhamos o suficiente para responder adequadamente. Se não tivermos, podemos ter problemas", explicou.
A questão das escolas
Quando questionado sobre a melhor maneira de reabrir escolas e universidades, Fauci disse que o melhor é tomar decisões caso a caso, dependendo da área, devido às diferenças regionais que existem nos EUA.
"Temos um país muito grande e a pandemia tem dinâmicas diferentes nas diferentes regiões. Acredito que as políticas com relação às escolas devem variar de lugar para lugar, não é possível criar uma política homogênea para todos", disse Fauci.
Segundo ele, promover a reabertura das escolas sem que o surto esteja adequadamente controlado na região específica pode acarretar riscos. "É tudo muito difícil, obviamente. Pode haver consequências indesejadas para a saúde pública, um ressurgimento da doença", explicou. "Não tenho uma resposta fácil".
Ele também pediu aos senadores que os norte-americanos tenham cuidado com a noção de que o coronavírus não teria efeitos sobre as crianças.
"Ainda não sabemos tudo sobre o vírus e precisamos ser muito cuidadosos, especialmente com as crianças. Porque quanto mais aprendemos, mais vemos coisas que não estavam em pesquisas feitas na Europa ou na China", ressaltou. "Não podemos ser descuidados com as crianças".
Acusações e relação com Trump
O senador republicano Mitt Romney perguntou a Fauci sobre uma acusação feita recentemente pelo presidente Trump, que disse que não há uma vacina disponível por conta de um erro de seu predecessor, o ex-presidente Barack Obama.
"Certamente, nem o presidente Obama e nem o presidente Trump são responsáveis por ainda não termos uma vacina. Inclusive, conseguimos avançar rapidamente desde a descoberta do vírus até os primeiros testes clínicos para uma vacina", lembrou o imunologista.
Ele também disse que sua relação com o atual presidente e o restante da força-tarefa é de muito respeito, apesar de boatos de que Trump teria tido discussões pesadas com ele por conta de uma falta de apoio à reabertura.