Conservadores pedem que May não negocie Brexit com trabalhistas
O banco de investimento norte-americano JPMorgan disse nesta terça-feira que é difícil ver o mandato de May sobrevivendo depois do final de junho
Internacional|Do R7
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ouviu de veteranos de seu próprio Partido Conservador, nesta terça-feira (14), que deveria desistir de conversar com o Partido Trabalhista, de oposição, para chegar a um acordo sobre a desfiliação britânica da União Europeia, enquanto aumenta a pressão para que ela anuncie uma data para renunciar.
Quase três anos depois de o Reino Unido decidir sua saída da UE por 52% a 48% dos votos em um referendo, ainda não existe consenso entre os políticos britânicos no tocante a quando, como ou mesmo se a separação deveria ocorrer.
O país deveria ter se separado do bloco em 29 de março, mas May foi incapaz de conseguir que o Parlamento aprovasse o acordo fechado pelo governo com a UE, e por isso procurou a ajuda dos trabalhistas, liderados pelo socialista Jeremy Corbyn.
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Ex-ministros de May, assim como Graham Brady, presidente de um importante comitê parlamentares conservadores, escreveram à premiê para lhe pedir que não aceite a exigência trabalhista de uma união alfandegária com a UE pós-Brexit.
"Você perderia o núcleo do Partido Conservador, dividiria nosso partido e provavelmente sem nada para mostrar", disse a carta. "Exortamo-la a repensar".
"Nenhum líder pode sujeitar seu ou sua sucessora, então o acordo provavelmente seria, no melhor caso, temporário, e no pior, ilusório", disse a carta assinada por Gavin Williamson, ex-ministro da Defesa demitido neste mês, e Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores.
May rejeitou diversas vezes aprovar uma união alfandegária permanente. Na semana passada, Corbyn disse que May não fez nenhuma grande oferta sobre o Brexit e que não moveu suas "linhas vermelhas".
Em uma reunião com os trabalhistas do Parlamento na segunda-feira (13), Corbyn foi pressionado a esclarecer sua posição sobre o Brexit, e os dois apoiadores de um segundo referendo e outros que querem um acordo para a saída defenderam suas posições, disseram fontes à Reuters.
May, que conquistou a liderança no caos que se seguiu à votação britânica de 2016 que decidiu a separação da UE, prometeu renunciar se os parlamentares apoiassem um acordo que fechou com Bruxelas para romper com o bloco.
Mas a premiê perdeu por larga margem nas três tentativas de aprovar o acordo no Parlamento, e alguns de seus próprios parlamentares querem que ela marque uma data para sair.
O banco de investimento norte-americano JPMorgan disse nesta terça-feira (14) que é difícil ver May sobrevivendo depois do final de junho.
"Embora a capacidade de sobrevivência da primeira-ministra May tenha impressionado até agora, nossa percepção é que a areia está finalmente acabando na ampulheta quanto à sua liderança dos conservadores", disse o JPMorgan.
O principal negociador de May para o Brexit, Olly Robbins, deve ir a Bruxelas para debater mudanças na declaração política sobre o relacionamento britânico futuro com a UE, que disse que está disposta a alterar a declaração, mas que precisa saber quais mudanças Londres quer fazer.