Coreia do Norte lança mísseis balísticos pela 4ª vez na semana
Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, esteve na Coreia do Sul; países fizeram exercícios militares perto da península coreana
Internacional|Do R7
Neste sábado (1), em seu quarto teste de armas na semana, a Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos de curto alcance em direção ao mar do Japão, informaram as Forças Armadas da Coreia do Sul. Segundo os militares, eles foram lançados a partir da área de Sunan, em Pyongyang. Desde maio, quando o novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, assumiu o cargo, as duas Coreias intensificaram os exercícios militares que, afirmam, têm caráter puramente defensivo.
No dia anterior, sexta-feira (30), Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos executaram manobras submarinas, pouco depois de Washington e Seul fazerem exercícios militares conjuntos em larga escala, perto da península coreana.
A vice-presidente americana, Kamala Harris, visitou a capital sul-coreana na quinta-feira (29) e conheceu a zona desmilitarizada entre as duas Coreias. A viagem teve o objetivo de reforçar o compromisso de Washington com Seul diante de Pyongyang.
Neste ano, a Coreia do Norte realizou um número recorde de testes armamentistas, incluindo o lançamento de vários mísseis balísticos. O país também aprovou uma lei que declara "irreversível" seu status de nação com armas nucleares.
Os disparos
"Os mísseis viajaram aproximadamente 350 km a uma altura de 30 km", afirmou o Estado-Maior Conjunto de Seul, em comunicado. O Japão também confirmou o lançamento, e disse que os mísseis caíram fora da zona econômica exclusiva nipônica.
O vice-ministro japonês da Defesa, Toshiro Ino, afirmou que os mísseis "parecem ter seguido trajetórias irregulares". "A Coreia do Norte executa lançamentos de mísseis a um ritmo sem precedentes", acrescentou.
Analistas destacam que a trajetória irregular indica que os mísseis são capazes de manobrar em pleno voo, o que dificulta ainda mais seu rastreamento e sua interceptação.
O Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos afirmou, também por meio de um comunicado, que o lançamento mais recente "evidencia o impacto desestabilizador dos programas de ADM (armas de destruição em massa) e de mísseis balísticos da Coreia do Norte".
Ameaça
Os disparos de vários mísseis pela Coreia do Norte coincidiram com a visita de Harris: foram lançados mísseis balísticos de curto alcance no domingo (25), na quarta (28) e na quinta (29), alguns deles apenas poucas horas depois de a vice-presidente americana encerrar sua viagem à Coreia do Sul.
Os Estados Unidos mantêm 28.500 soldados na Coreia do Sul para ajudar na proteção contra o Norte.
Antes da visita de Harris a Seul, Washington deslocou o porta-aviões de propulsão nuclear USS Ronald Reagan para a Coreia do Sul, para participar de um exercício naval de larga escala, o que irritou Pyongyang, que considera as manobras como um teste para uma futura invasão.
"Os testes norte-coreanos de mísseis balísticos de curto alcance são menos importantes do que um teste nuclear, mas também violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.
Ele afirma que a Coreia do Norte aproveita a divisão mundial pela rivalidade entre Estados Unidos e China, além da anexação russa de território ucraniano, para modernizar rapidamente suas armas. "As ações de Pyongyang mostram claramente a necessidade de que Washington e Seul reforcem a dissuasão militar, endureçam as sanções econômicas e aumentem a coordenação política com Tóquio", destacou.
Autoridades sul-coreanas e americanas alertam um novo possível teste nuclear, que estaria sendo preparado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un. Isolado, o regime norte-coreano executou seis testes nucleares desde 2006, o mais recente em 2017.
Outro alerta foi emitido neste sábado pelo presidente sul-coreano, das graves consequências do uso de armas nucleares do Norte contra seu país. "Se a Coreia do Norte tentar usar armas nucleares, enfrentará uma resposta determinada e esmagadora de nossas Forças Armadas e da aliança com os Estados Unidos", declarou.