A Coreia do Norte lançou no mar um míssil balístico a partir de um submarino, na mais recente demonstração de uma série de testes de armamentos de Pyongyang nas últimas semanas. A informação é do exército sul-coreano e foi publicada nesta terça-feira (19). "Nosso exército detectou um míssil balístico de curto alcance não identificado, que suspeitamos ser um SLBM (míssil balístico lançado de submarino) disparado pela Coreia do Norte", afirmou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em um comunicado. O míssil percorreu 590 quilômetros a uma altitude máxima de 60 quilômetros, informou uma fonte militar à AFP. A Coreia do Sul e os Estados Unidos tinham indícios de que a Coreia do Norte estaria desenvolvendo um SLBM, depois que o país fez um lançamento subaquático recentemente, embora analistas acreditem que Pyongyang tenha executado a operação a partir de uma plataforma submersa, e não de um submarino. O Comando do Indo-Pacífico dos Estados Unidos exigiu que Pyongyang "abstenha-se de qualquer outra ação desestabilizadora", mas afirmou que o disparo "não representa uma ameaça imediata para as pessoas, para o território americano ou para nossos aliados". A península vive uma espécie de corrida armamentista desde que o Sul lançou em setembro seu primeiro SLBM e apresentou seu primeiro míssil de cruzeiro supersônico. O míssil foi disparado da localidade costeira de Sinpo em direção ao mar da península, informou o Estado-Maior Conjunto do Sul. Sinpo é um grande estaleiro naval, e fotografias de satélites apontaram a presença de submarinos na região. Ter um SLBM em seu arsenal permitiria ao regime posicionar suas armas longe da península coreana e daria uma capacidade de resposta a partir de um submarino no caso de suas bases terrestres serem destruídas ou atacadas. A presidência sul-coreana convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança e afirmou "lamentar profundamente" a ação, ao mesmo tempo em que pediu a Pyongyang o retorno ao diálogo. O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida afirmou que dois mísseis foram lançados e considerou a ação "lamentável". O regime de Kim Jong-un "está desenvolvendo um SLBM porque deseja ter um elemento dissuasivo nuclear mais duradouro com o qual possa chantagear seus vizinhos e os Estados Unidos", declarou Leif-Eric Easley, professor na Universidade Ewha de Seul. "O SLBM norte-coreano provavelmente está longe de ser implantado de maneira operacional com uma ogiva nuclear [...] mas Kim não pode permitir-se politicamente ficar para trás em uma corrida armamentista nuclear", acrescentou. A Coreia do Norte, que possui armas nucleares, testou nas últimas semanas mísseis de cruzeiro de longo alcance, uma arma lançada a partir de um trem e que anunciou como um míssil hipersônico, o que provocou uma consternação internacional. Também organizou uma rara exibição de armas que incluiu um gigantesco míssil balístico internacional, apresentado em um desfile militar noturno no ano passado. Kim Jong-un, cujo governo estimulou um avanço rápido da tecnologia militar, culpou na semana passada os Estados Unidos pelas tensões provocadas pelos testes de armas e negou ter intenções hostis. O país enfrenta sanções internacionais por seus programas de armas nucleares e balísticas. O lançamento mais recente coincidiu com o pedido de um enviado americano para iniciar negociações com Pyongyang. "Não temos nenhuma intenção hostil a respeito da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) e esperamos nos reunir em breve com eles, sem condições", afirmou Sung Kim, representante especial de Washington para a Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, ele explicou que os aliados têm "a responsabilidade de implementar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", em referência às sanções internacionais. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, propôs recentemente a declaração formal do fim da Guerra da Coreia, pois o conflito terminou em 1953 com um armistício, mas não com um tratado de paz. De acordo com Shin Beom-chul, do Instituto de Pesquisas de Estratégia Nacional da Coreia, Kim deseja reforçar sua posição para uma eventual negociação com os Estados Unidos. "Pyongyang quer demonstrar que pode levar a provocação mais longe", disse. Kim Jong-un se reuniu três vezes com o ex-presidente americano Donald Trump, que afirmou ter impedido uma guerra, mas não alcançou um acordo para acabar com o programa nuclear norte-coreano. O processo de conversações está paralisado desde que um encontro no Vietnã terminou em fracasso pelas divergências sobre a suspensão das sanções e o que Pyongyang ofereceria em troca. O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu buscar a desnuclearização por meio da diplomacia.