Corpo de prefeito ucraniano é exumado para perícia examinar se morte foi crime de guerra
De acordo com a prefeitura de Gostomel, Yuri Prylypko foi assassinado quando distribuía pão e remédios aos feridos
Internacional|Do R7
O corpo do prefeito de Gostomel, Yuri Prylypko, foi exumado na última terça-feira (12). Em 7 de março, o ucraniano foi assassinado quando os soldados russos entraram na pequena cidade, ao noroeste de Kiev, onde havia uma base militar.
Yuri Prylypko "era um grande patriota, um grande homem", afirmou o padre Petro Pavlenko. "Ele era amado."
De acordo com a prefeitura, Prylypko foi assassinado quando distribuía "pão e remédios aos doentes e feridos".
"Morreu pela comunidade, por Gostomel, morreu como um herói", afirmou o município em um comunicado no qual explicava que, devido às circunstâncias, não era possível organizar o funeral.
O corpo foi exumado por investigadores ucranianos, que tentam determinar se a morte de Prylypko é um crime de guerra.
Ao lado do túmulo, sua esposa, Valentyna, começou a chorar ao ver o corpo do marido. A polícia registrou imagens de cada ferimento no corpo do prefeito.
"400 desaparecidos"
Gostomel, atacada um dia depois do início da invasão russa da Ucrânia, 25 de fevereiro, é um dos pontos estratégicos onde as tropas conseguiram deter a ofensiva rumo à capital, Kiev.
Desde que a Rússia anunciou a retirada de suas forças da região de Kiev (para concentrar-se na ofensiva na região leste), os ucranianos retomaram o controle das cidades-chave na periferia da capital.
Todas foram destruídas pelos combates. As autoridades ucranianas citam "massacres" e acusam Moscou de "crimes de guerra".
Em Bucha, poucos quilômetros ao sul de Gostomel, as imagens de corpos com trajes civis em uma rua, com as mãos amarradas às costas, chocaram o mundo. O presidente russo Vladimir Putin voltou a repetir na terça-feira que as imagens eram falsas.
Com 17 mil habitantes antes da guerra, Gostomel também sofreu durante os dias de guerra. "O município calcula que 400 pessoas estejam desaparecidas", afirmou o procurador regional Andrii Tkatch. "Tentamos determinar quem as matou. É possível que não encontremos todos os corpos."
O procurador considera difícil determinar a causa da morte do prefeito de Gostomel. "De acordo com as primeiras informações, ele morreu sem um motivo particular, ao lado de seu motorista", disse Tkatch, que acompanhou a exumação com um colete que tinha a frase: "Procurador para crimes de guerra".
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Dois enterros
No mesmo dia foram exumados outros corpos no âmbito da investigação, inclusive o de Oleksandr Karpenko, enterrado em um jardim.
Os corpos das vítimas foram levados para uma caminhonete refrigerada, a 5,7º C, para aguardar a autópsia. O veículo tinha entre 30 e 40 cadáveres.
"Nunca fiz isso em minha vida, mas nossos cidadãos são assassinados e temos que enterrá-los da maneira correta", disse Igor Karpichen ao carregar um corpo.
"Não tenho palavras para descrever o que sinto", acrescentou. Mas, depois de fechar as portas do veículo como quem encerra um capítulo sombrio da história da cidade, Karpichen afirmou: "Agora vivemos em paz".