Corpos de 10 possíveis migrantes são encontrados no Panamá
Autoridades locais suspeitam que as ossadas sejam de haitianos que passam pela selva de Darien em direção aos Estados Unidos
Internacional|Do R7
A Procuradoria do Panamá informou na última sexta-feira (24) a descoberta de dez corpos, incluindo os de duas crianças, possivelmente migrantes haitianos que perderam a vida durante sua jornada a pé pela perigosa selva de Darien, entre o Panamá e a Colômbia, a caminho dos Estados Unidos.
"Eram provavelmente migrantes, porque durante as investigações um cidadão haitiano mencionou que no rio Tuquesa houve uma enchente devido às chuvas que arrastou nove pessoas", explicou o procurador de Darien, Julio Vergara.
"Presumimos que os cadáveres que encontramos estejam relacionados com o que foi contado por este migrante", apontou. A ossada de uma décima pessoa também foi encontrada na mesma região.
Os corpos foram descobertos pelas autoridades nas proximidades dos rios Tuquesa e Canaán Membrillo, em uma região indígena Emberá Wounaán, no sul do Panamá. Nenhum tinha documentos.
Até o momento, este ano, 41 corpos de migrantes foram encontrados nas margens dos rios, ao longo do trajeto para cruzar a fronteira entre o Panamá e a Colômbia. As causas das mortes foram por afogamento e insolação, informou a Procuradoria.
Desde o início do mês, as autoridades panamenhas e colombianas validam o acesso diário controlado de no máximo 650 migrantes, em sua maioria haitianos, que fugiram de um país atingido na última década por uma severa crise econômica e política.
A maioria vem da América do Sul, para onde migraram há vários anos, mas não conseguiram legalizar sua permanência ou estavam desempregados pela pandemia de covid-19.
Eles viajam pela América Central para chegar ao México e depois aos Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida. A Casa Branca já avisou que não permitirá sua entrada e deportou centenas deles.
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Atualmente, cerca de 19 mil migrantes estão em um porto no norte da Colômbia, à espera de embarcar em barcos que os levarão à fronteira com o Panamá. Os viajantes devem, em seguida, cruzar o Golfo do Urabá, um trecho marítimo de cerca de 60 quilômetros.
Uma vez no Panamá, precisam cruzar a perigosa selva de Darien a pé, uma jornada que leva pelo menos cinco dias, expostos a estupros, assaltos e animais selvagens. A primeira cidade que eles encontram é a aldeia indígena de Bajo Chiquito. Em seguida, eles continuam para a Costa Rica.
Entre janeiro e agosto, mais de 70 mil pessoas fizeram essa jornada.