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Cozinheiro do Palácio de Buckingham distribui comida a quem precisa em Londres

Chef trabalha para a família real, mas também alimenta os necessitados; ajuda chega até a Ucrânia

Internacional|Do R7

O cozinheiro José Luis García, ao centro, em evento de sua ONG
O cozinheiro José Luis García, ao centro, em evento de sua ONG

José Luis García Basabe é um cozinheiro basco que vive duas realidades opostas em Londres. Seu trabalho no Palácio de Buckingham o leva para um ambiente de luxo, mas, em seu tempo livre, distribui alimentos com sua ONG aos mais vulneráveis da capital britânica.

Aos 44 anos, o homem, que nasceu na cidade de Bilbao, faz parte da equipe de cozinheiros do palácio onde vive a família real, mas cuida da alimentação da guarda local.

"Não posso manipular a comida da família real, já que podemos contaminá-la. Eles têm um chef particular", explica García Basabe à AFP.

"Vi a falecida rainha apenas duas vezes, dentro do carro. Quem vi de perto foi a Meghan", afirma, em referência à esposa do príncipe Harry, que agora vive na Califórnia, desde que o casal se mudou. "Usava um grande chapéu e não a reconheci. 'Deve ser alguém da família', pensei".


80% DE LATINOS

Em 2020, um ano depois de entrar em Buckingham, fundou a ONG OCA Community Kitchen (OCA Cozinha Comunitária).


"Durante a pandemia, por ser do grupo de risco, já que sou diabético, me mandaram para casa (do trabalho em Buckingham). Me entediei e, como colaboro com organizações latino-americanas em Londres, uma igreja me pediu para divulgar que distribuiria alimentos a pessoas carentes", conta.

"A notícia correu e rapidamente filas se formaram com 300, 400 pessoas em busca de comida. Percebi a necessidade e que deveria fazer algo", afirma.


Como 80% dos destinatários da ajuda são da comunidade latino-americana em Londres, ele batizou a organização como OCA, em referência a um tubérculo cultivado nos países andinos.

Após estudar gastronomia em Bilbao e trabalhar para restaurantes e hotéis, ele se mudou para Londres há dez anos. 

Começou em restaurantes espanhóis até que um dia apareceu uma vaga nas cozinhas de Buckingham, para a qual participou de várias provas e aguardou por semanas.

"Me pediram todos os certificados de boa conduta, tanto no Reino Unido como a nível internacional. Com uma simples multa de trânsito não seria aprovado", indica.

116 MIL FAMÍLIAS

Às vezes, ele é chamado para trabalhar em eventos do palácio, como um dos últimos aniversários da rainha Elizabeth 2ª, seu funeral e a coroação de Charles 3º, quando cozinhou "para 3.000 pessoas".

Em sua ONG, conta com a ajuda de mais de cem voluntários da comunidade latino-americana. "Os latino-americanos são os mais necessitados aqui. Outras comunidades recebem mais ajuda", explica. Os alimentos procedem de doações de supermercados. 

O cozinheiro também tem ajuda de organizações que cedem locais para as entregas e depende de doações para pagar os custos. García Basabe também enviou 135 toneladas de alimentos à Ucrânia.

"Distribuímos alimentos a 116 mil famílias entre a Ucrânia e Londres", resume o cozinheiro, que reconhece que se sente mais realizado em seu voluntariado do que em seu trabalho em Buckingham.

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