Crianças que combatiam Boko Haram são libertadas na Nigéria
Menores faziam parte da milícia governista que combate a organização jihadista. Eles serão inscritos em um programa de reintegração com educação
Internacional|Da EFE
Um total de 894 crianças-soldado, que faziam parte de uma milícia governista que combate a organização jihadista Boko Haram no nordeste da Nigéria, foram libertadas nesta sexta-feira (10), informou o Fundo da ONU para a Infância (Unicef).
Os menores, entre os quais estavam 106 meninas, integravam as fileiras das Forças Conjuntas Civis (CJTF, na sigla em inglês), um grupo armado local de civis que apoia o Exército nigeriano na luta contra os insurgentes, em Maiduguri (nordeste).
"As crianças do nordeste da Nigéria foram as mais afetadas por este conflito", afirmou o representante do Unicef na Nigéria, Mohammed Fall, em comunicado.
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"Foram utilizadas por grupos armados em papéis de combatentes e não combatentes e foram testemunhas de mortes, assassinatos e violência", disse Fall.
A milícia CJTF, criada em 2013 para proteger comunidades de ataques, contava entre seus membros com centenas de crianças, até que em 2017 se comprometeu a não recrutar mais menores e a libertar o restante.
Desde então, o número de crianças libertadas ascende a 1.727, segundo o Unicef, depois que em outubro de 2018 as CJTF libertaram outras 833.
Os menores libertados serão inscritos em um programa de reintegração com educação e capacitação para ajudá-los a retornar à vida civil.
No conflito em curso no nordeste da Nigéria, mais de 3,5 mil crianças foram recrutadas e utilizadas por grupos armados não estatais entre 2013 e 2017.
O Boko Haram, que desde 2009 luta por impor um Estado de corte islâmico no país, causou a morte de pelo menos 20 mil pessoas desde então na Nigéria.
Além disso, a violência de Boko Haram, que em línguas locais significa "a educação não islâmica é pecado", tem se estendido ao vizinhos Níger, Chade e Camarões, com repetidas incursões e ataques armados a alvos nesses países.