Crise de coronavírus pode durar até ano que vem, diz especialista
Segunda onda de casos na China pode vir importada de outros países, uma vez que as medidas de restrição e cuidados começarem a afrouxar
Internacional|Da EFE, com R7
A pandemia do coronavírus pode durar até o ano que vem e uma segunda onda de infecções pode estar chegando, alertou o chefe do comitê de especialistas do coronavírus em Xangai, na China, Dr. Zhang Wenhong nesta quarta-feira (8).
Em uma entrevista publicada hoje pelo jornal digital Caixin, Zhang está convencido de que é improvável que a pandemia de coronavírus termine neste verão, e ele prevê que durará "até o próximo ano”, além da "alta probabilidade" de uma segunda onda de contágio a nível internacional no próximo semestre.
"(Os surtos na) Europa e Estados Unidos ainda não foram efetivamente contidos. No entanto, na África, América do Sul e Índia, onde a economia é menos desenvolvida e os recursos médicos são insuficientes, novos casos aumentaram exponencialmente, acrescentando grande incerteza à luta global contra a epidemia".
Questionado sobre as defesas da China contra esse possível segundo surto vindo do exterior, Zhang afirma que, embora "agora não haja mais casos de contágio local, não podemos relaxar". "Assim que o sistema é negligenciado, pode haver casos não detectados", acrescenta.
Cuidados devem continuar
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Nesse sentido, o médico pede que as autoridades fronteiriças e sanitária, além das comunidades e empresários se mantenham alertas: "As empresas que retomarem o trabalho devem garantir que seus trabalhadores estejam socialmente distantes".
"A China está agora sob controle e estamos confiantes. No entanto, o surgimento de uma segunda onda de contágio em outros países significará que estaremos sob grande pressão para impedir e controlar os casos importados. A China precisa se preparar para um segundo pico de infecções importadas para impedir uma segunda onda (local)", acrescenta.
A dificuldade de curto prazo para a China, diz o especialista, é retomar a atividade econômica enquanto tenta controlar uma pandemia.
Conexão com o exterior
Zhang cita o exemplo de restrições de voos e conexões com o exterior. A medida foi uma das principais e primeiras a ser tomadas em todos os países afetados, impedindo que turistas e estrangeiros entrassem no país, especialmente os vindos de áreas de risco.
"Isso não pode durar para sempre. Quando os surtos na Europa e nos EUA são controlados, a aviação global se instala novamente lentamente".
O especialista, entretanto, que as restrições chinesas não podem acabar totalmente com o risco de importação de casos, devido a presença de casos assintomáticos e de casos que deram falsos negativos.
"O sistema de controle de doenças precisa rastrear todas as pessoas que tiveram contato com pacientes com coronavírus, sem que haja pontos cegos", exige.
Diferença entre os países
Por fim, questionado sobre as diferentes taxas de mortalidade de casos de coronavírus em diferentes países, Zhang explica que depende das prioridades de cada governo na distribuição e realização de testes e no tratamento de pacientes.
"Se um país priorizar pacientes gravemente doentes em testes e tratamentos, a taxa de mortalidade de casos será maior. Em um país onde o teste é mais comum e há muitos pacientes menores detectados e colocados em quarentena, a taxa será menor". indica.