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Crise na Ucrânia: tensão na fronteira está longe de acabar?

Presidente russo Vladimir Putin e Otan são os personagens fundamentais para a desescalada militar no Leste Europeu

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Militares ucranianos patrulham a fronteira do país com a Rússia
Militares ucranianos patrulham a fronteira do país com a Rússia

As primeiras semanas de 2022 ficaram marcadas pelo aumento da tensão sobre uma possível invasão russa da Ucrânia. Líderes mundiais como Emmanuel Macron, da França, Olaf Scholz, da Alemanha, e Boris Johnson, do Reino Unido, se encontram com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para discutir soluções e evitar um conflito.

Os esforços diplomáticos, que incluem ligações telefônicas com o mandatário americano Joe Biden, aparentam ter surtido algum efeito, já que Putin anunciou a retirada de parte tropas russas da fronteira com a Ucrânia, mas a crise ainda não foi solucionada e o mundo segue em alerta.

Para o pesquisador e sociólogo Gustavo Lacerda, por mais que seja difícil para o Ocidente identificar se a Rússia recuou parte da infantaria, a mudança de discurso de Putin já mostra uma desescalada do impasse no Leste Europeu.

“O mero fato de Putin anunciar a retirada das topas é importante porque a retórica já diminui o tom”, diz Lacerda ao R7.


Ainda que Putin retire as tropas da fronteira e a Ucrânia não entre na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a principal exigência de Moscou, Lacerda acredita que o fator mais importante para evitar uma guerra é não querer estar em uma guerra.

“A primeira coisa é eles não quererem entrar em guerra. Parece banal, mas não é. Se a gente pensar, por exemplo, na Primeira Guerra Mundial, havia um conflito nos Balcãs, era um conflito local. Mas, pelos atores políticos quererem entrar em guerra, se iniciou o conflito mundial.”


Desescalada é diferente de fim do conflito

Cães são usados para auxiliar soldados ucranianos na fronteira com a Rússia
Cães são usados para auxiliar soldados ucranianos na fronteira com a Rússia

Mesmo que esta semana tenha sido marcada por ações multilaterais com o objetivo de desescalar o conflito, a tensão no Leste da Europa ainda parece estar longe do fim. Cada personagem nesse imbróglio tem uma aspiração, na visão de Lacerda.

O pesquisador acredita que Biden busque se posicionar como um grande mediador do conflito, recolocando o Estados Unidos como um importante ator nas decisões da política mundial após isolar o país de determinadas discussões durante o mandato.


“Joe Biden não é visto como uma grande liderança. Ele é visto como aquele que vai procurar sanar as feridas causadas por Donald Trump, mas não tem o carisma de Barack Obama, por exemplo.”

A forte posição da Rússia e a forma como a crise tem se desenrolado são vistas por Lacerda como uma vitória russa. Além de garantir que a Ucrânia não entre na Otan, o país ainda será bem visto por aliados por ter enfrentado os Estados Unidos.

“Quando Putin promove ações internacionais audaciosas assim, ele ganha internamente. Ele ganha muito. E, quando Putin desafia os Estados Unidos, ele ganha a China.”

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Alguns pesquisadores acreditam que a atual escalada de tensões no Leste Europeu mostra o erro estratégico da Otan em não se aproximar da Rússia logo após o fim da União Soviética. No jogo de xadrez da política mundial, Putin deu um xeque-mate no Ocidente.

“[A crise] pode ser visto como uma queda de braço, mas isso é mais um jogo de xadrez. Você posiciona umas peças aqui, outras ali, vai vendo várias jogadas adiante. Putin fez uma aposta e ganhou, essa é a verdade. As exigências dele foram satisfeitas. Nessa disputa política, ele venceu. Ponto-final”, conclui Lacerda.

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