De cigana a miss: Mansão de swing motiva assassinato no Uruguai
A casa era usada para festas sexuais e pode ajudar a desvendar o crime. Ex-Miss Brasil e empresário brasileiro seriam donos da propriedade
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
Um assassinato que parece fazer parte de um roteiro de série está movimentando as páginas policiais de jornais do Uruguai e da Argentina. Uma mansão onde aconteciam festas sexuais pode ter sido a causa da morte de um uruguaio. Além disso, a imprensa internacional afirma que a propriedade teria sido recentemente comprada por um empresário brasileiro e sua esposa, uma ex-Miss Brasil.
Edwar Vaz Fascioli, um professor de inglês uruguaio, foi assassinado no dia 9 de julho em seu próprio apartamento, na cidade de Maldonado, no Uruguai.
Segundo a polícia, os suspeitos bateram em sua porta dizendo ter informações sobre a filha de Vaz. Quando ele abriu, foi executado com um tiro. Os criminosos fugiram de carro.
Pouco tempo depois do início das investigações, a polícia chegou até um suspeito: um jardineiro. Ele seria o motorista do veículo que levou os assassinos.
O homem confessou que participou do crime e disse que tinha sido contratado pela ex-esposa de Vaz, Lulukhy Moraes, 38 anos. O jardineiro contou ainda que a Lulu, como é conhecida, era dona de uma mansão em Punta Del Este, onde ele prestava serviços ocasionais.
A mansão do swing
A casa referida pelo jardineiro é a mansão "Gypsy Queen" (Rainha Cigana, em inglês) que leva esse nome justamente por causa de Lulukhy, que tem ascendência cigana.
A mansão fica no condomínio de luxo Berverly Hills, em Punta del Este. No entanto, a propriedade, que parece ser um fator chave para o esclarecimento do crime, não está no nome de Lulukhy ou Vaz e sua história seria ainda mais obscura.
Segundo as investigações, a propriedade foi construída por um político argentino do primeiro escalão que chegou a ser ministro no governo Carlos Menem, na década de 1990. Agora a polícia argentina também vai investigar se a casa foi construída com dinheiro desviado.
O político teria construído a mansão para dar de presente para uma mulher identificada apenas como Letícia, por quem tinha se apaixonado.
Letícia era a melhor amiga de Lulukhy e a convidou, junto com o marido, para viverem os três na mansão.
Foi nessa época que começaram as festas de swing na residência. Os três moradores promoviam esse tipo de encontro. A mansão possui cerca de 10 quartos e banheiros privativos.
À imprensa uruguaia, Lulu disse que Vaz, seu ex-marido morto obrigava tanto ela quanto Leticia se prostiturem.
"Ele (meu ex-marido) vivia nos pedindo dinheiro, ele me prostituiu e à minha amiga. Eu o conheci quando ele era meu professor de inglês, eu moro com ele desde que eu tinha 14 anos. Ele me ameaçou muito. Meu atual parceiro foi quem nos salvou ", disse Lulu ao jornal El País pouco antes de ser presa por envolvimento no caso.
A casa, contudo, também não pertence mais à Letícia. Quando Lulukhy foi presa, ela revelou para a imprensa uruguaia que a mansão do swing teria sido vendida para um empresário brasileiro há alguns meses.
Letícia rompeu seu caso com o político em 2012, mas as duas mulheres continuaram a viver na casa.
O empresário e a ex-Miss Brasil
A imprensa uruguaia alega que o atual dono da residência seria o empresário mineiro Ronosalto Pereira Neves, marido da ex-Miss Brasil Nayla Micherif, vencedora do concurso em 1997.
O R7 procurou Neves para confirmar as informações. Cláudia, uma mulher que se identificou como secretária de Ronosalto, afirmou que ele não pretende se manifestar sobre o assunto. Ele está fora do país e não costuma dar entrevistas. Questionada sobre os negócios de Neves no Uruguai, disse não ter autorização para dar qualquer informação.
Ronosalto Neves é dono de uma dezena de empreendimentos, principalmente em Minas Gerais.
Certificados divulgados pela imprensa uruguaia dão conta de que a casa foi comprada pelo casal brasileiro por cerca de R$ 4,6 milhões de reais. No entanto, a propriedade vale ao menos o triplo desse valor.
Lulu e Letícia continuaram a viver na mansão como "administradoras" da casa até o assassinato de Vaz.
A polícia uruguaia afirma que já identificou os suspeitos do crime em Montevidéu e que eles estão escondidos, por isso ainda não foi possível prendê-los.
Lulukhy ainda é acusada de ser líder de uma "seita sexual".