Deputado que pediu saída de Putin da Presidência é multado e convocado para lutar na guerra
Dmitry Baltrukov foi forçado a deixar o cargo e intimado por oficiais russos para a 'mobilização parcial' na Ucrânia
Internacional|Gabriel Herbelha*, do R7
O deputado municipal Dmitry Baltrukov, que apelou ao Parlamento russo para que o presidente Vladimir Putin fosse deposto do cargo, foi multado e convocado para lutar pelo Exército russo na Ucrânia.
No último mês, ele e outros parlamentares do distrito de Smolninskoe, em São Petersburgo, entraram com uma petição em que acusavam Putin de “alta traição” e pediam que o mandatário deixasse a Presidência.
Para os deputados, a invasão da Ucrânia pela Rússia ordenada pelo chefe de Estado causou a morte e a mutilação de milhares de soldados e gerou uma crise avassaladora na economia do país.
Dias depois, Baltrukov e outros seis parlamentares foram forçados a deixar o cargo e interrogados pela polícia por conta da posição contra o governo. Além disso, receberam uma multa de 44 mil rublos (R$ 3.923, na conversão aproximada) cada um.
No último domingo (2), Dmitry foi surpreendido por policiais e funcionários do alistamento militar, que se dirigiram à residência da mãe dele para entregar uma intimação para o parlamentar se apresentar em uma unidade militar.
A convocação de Dmitry faz parte da “mobilização parcial” anunciada pelo governo russo em setembro, em que mais de 300 mil reservistas foram convocados a se juntar às tropas em combate na Ucrânia.
Segundo a ordem do governo, Dmitry teria que se apresentar nesta segunda-feira (3) no escritório de alistamento local, o que não ocorreu até agora. Sem nenhuma experiência militar, o parlamentar diz ter sido um alvo específico do governo russo, por conta das posições tomadas contra Putin.
"Como não tenho experiência militar, acredito que o verdadeiro motivo da agenda seja uma tentativa de se livrarem de mim como deputado", diz Baltrukov em entrevista ao Newsweek.
Para o parlamentar, “há uma grande diferença entre as palavras de Putin e a realidade”, e a mobilização parcial de tropas, por meio da qual ele foi chamado, “é um grande erro”.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Lucas Ferreira