Deputado sai de partido e premiê britânico perde maioria na Câmara
Philip Lee, deputado desde 2010, anunciou que trocou de legenda por estar em desacordo com a postura do governo em relação ao Brexit
Internacional|Da EFE
O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador Boris Johnson, perdeu nesta terça-feira a maioria parlamentar na Câmara dos Comuns, após um deputado "tory" ir para o partido Liberal Democratas (LD).
Philip Lee, deputado desde 2010, anunciou em comunicado a mudança de partido por estar em desacordo com a postura do governo, que está "buscando de forma agressiva um Brexit danoso", afirmou.
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Johnson contava até agora com uma pequena maioria de um único deputado, somando aos seus parceiros do Partido Democrático Unionista (DUP) da Irlanda do Norte.
O anúncio de Lee aconteceu na reabertura do Parlamento após o recesso de verão, antes que os deputados tratem de tomar o controle da agenda esta noite para impulsionar uma lei que bloqueie a possibilidade de um Brexit sem acordo.
Deputados conservadores rebeldes e da oposição solicitaram ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que aceite hoje a realização de um debate extraordinário e dê sinal verde a uma votação no final da sessão, um mecanismo incomum quando não é tratado de uma iniciativa do governo.
Se Bercow admitir a proposta, como se espera, será votada ainda hoje uma moção onde os deputados teriam acesso livre para começar a processar a legislação contra um Brexit rígido.
Amanhã, uma lei que forçaria o governo a solicitar uma extensão do Brexit para Bruxelas (prevista para 31 de outubro) começaria a ser avaliada na Câmara dos Comuns, caso não formalizasse um novo acordo no dia 19 de outubro.
O Governo ameaçou expulsar do grupo parlamentar os "tories" que se rebelassem contra a disciplina do partido, apesar que existe a previsão de que aproximadamente 14 conservadores votem igualmente junto com a oposição.
O ex-ministro da Economia, Philip Hammond, um dos impulsores da rebelião contra Johnson, confirmou esta manhã que votará contra o Governo.
Fontes de Downing Street, gabinete oficial de Johnson, disseram à imprensa que o primeiro-ministro está disposto a tentar convocar eleições antecipadas para o dia 14 de outubro, caso os deputados vetem a possibilidade de um Brexit duro.
No entanto, para a realização do pleito é necessária a aprovação de dois terços da Câmara dos Comuns, portanto é preciso o apoio de boa parte da oposição.
Mesmo que não consiga um novo acordo, o primeiro-ministro assegura que está disposto a materializar o Brexit na data prevista, dia 31 de outubro.