Deputados da Argentina votam a favor da legalização do aborto

As votações pela legalização do aborto na Argentina chegaram ao fim nesta quinta-feira (14). Após mais de 20 horas de sessão, iniciadas nesta terça-feira (13), o resultado final apontou 129 votos a favor da interrupção da gravidez até a 14° semana de gestação em qualquer circunstância, 125 contra e 1 abstenção.

O resultado da votação transformou a Praça do Congresso em local de comemoração. Milhares de pessoas a favor da legalização do aborto participaram de uma vigília que iniciou ainda antes da sessão na Câmara dos Deputados. Mulheres e também homens usando os lenços verdes da campanha pela aprovação do projeto festejaram.

"Este é o século do direito das mulheres", disse a deputada governista Silvia Lospennato, última mulher a ocupar a tribuna antes da votação. "Tiremos da clandestinidade o aborto", concluiu a deputada, chorando.

Esta foi a sétima vez que o projeto foi apresentado na Câmara, mas a primeira em que o assunto foi à votação.

500 mil abortos clandestinos

Segundo as estimativas, 500 mil abortos clandestinos são feitos todos os anos no país. Cerca de 60 mil resultam em complicações e hospitalizações. E muitas mulheres — a maioria pobres ou do interior — morrem por causa de abortos mal feitos. Atualmente, a legislação argentina só permite o aborto em casos de estupro ou se a vida e a saúde da mãe correrem risco. As informações são da Agência Brasil.

As 22 horas de discussão na Casa foram marcadas por manifestações nas ruas argentinas. Enquanto os grupos favoráveis ocuparam a Praça do Congresso, movimentos pró-vida liderados por organizações religiosas montaram tendas no centro de Buenos Aires para conversar com a população. Eles ofereciam, inclusive, exames de ultrassom às gestantes.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão