'Desculpas' de Mianmar adiam retorno de rohingyas
Primeira-ministra Sheikh Hasin, de Bangladesh, afirmou que sob nenhuma circunstância os refugiados permanecerão em seu país, já superpovoado
Internacional|Do R7
A líder de Bangladesh acusou o governo do vizinho Mianmar de encontrar novas desculpas para adiar o retorno de mais de 700 mil rohingyas que foram forçados a cruzar a fronteira ao longo do último ano, e disse em uma entrevista concedida na noite de terça-feira (25) que sob nenhuma circunstância os refugiados permanecerão em seu país já superpovoado.
"Já tenho 160 milhões de pessoas no meu país", disse a primeira-ministra Sheikh Hasina quando indagada se Bangladesh estaria disposta a reverter sua política contra a integração permanente. "Não posso receber mais nenhum fardo. Não posso recebê-lo. Meu país não suporta".
Sheikh conversou com a Reuters em Nova York, onde participa da reunião anual de líderes mundiais na ONU (Organização das Nações Unidas).
A premiê, que enfrenta uma eleição nacional em dezembro, disse que não quer comprar uma briga com Mianmar por causa dos refugiados, mas insinuou que está ficando sem paciência com a líder de Mianmar e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, e com seus militares, que ela disse deterem o "poder principal" na nação.
Sheikh já pediu que a comunidade internacional pressione Mianmar para que implante o acordo.
Ligações para o porta-voz do governo de Mianmar, Zaw Htay, não tiveram resposta. Recentemente ele disse que não responderá mais perguntas da mídia pelo telefone, mas em uma coletiva de imprensa duas vezes por semana.
Os rohingyas fugiram para campos de refugiados de Bangladesh depois de uma campanha militar violenta contra a minoria muçulmana no Estado de Rakhine. Em novembro os dois países chegaram a um acordo para iniciar a repatriação em dois meses, mas esta nem começou, e rohingyas apátridas continuam cruzando a divisa com Bangladesh e seguindo para os campos de refugiados de Cox's Bazar.\