Diretor de agência da ONU pede demissão por 'fracasso na Palestina'
Imprensa diz que o funcionário renunciou ao cargo por incômodo com a postura da instituição na atual guerra no Oriente Médio
Internacional|Do R7
O porta-voz do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Séphane Dujarric, disse nesta terça-feira (31) que um funcionário de alto cargo do Escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas se demitiu por causa do que chamou de "fracasso da ONU na Palestina".
Dujarric não disse o nome do funcionário, mas reconheceu que o Escritório dos Direitos Humanos, sediado em Genebra e dirigido por Volker Türk, recebeu uma carta de demissão na qual o funcionário declara "as suas razões pessoais".
A carta, que foi divulgada à imprensa pouco tempo depois, é assinada por Craig Mokhiber, que até esta terça era o diretor em Nova York da agência liderada por Türk.
Na carta, Mokhiber afirma que a ONU está sob "uma enorme pressão para comprometer os seus princípios humanitários" e que "algumas partes na ONU, mesmo no mais alto nível, curvaram vergonhosamente a cabeça perante o poder" no que diz respeito aos direitos dos palestinos, embora também afirme que há muitos na organização que se recusam a fazer concessões.
Mokhiber afirma que Israel faz uma "propaganda" poderosa para se apresentar como equivalente ao povo judeu e, por isso, apresenta qualquer crítica como antissemitismo, o que não acontece, por exemplo, com as críticas à Arábia Saudita ou a Myanmar, que não são vistas como islamofobia nem antibudismo, respectivamente.
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O agora ex-funcionário, com uma carreira na ONU que se estendia por várias décadas, incentiva o escritório que acaba de deixar a "juntar-se orgulhosamente ao movimento antiapartheid que está crescendo em todo o mundo pelos direitos do povo palestino".
Há duas semanas, um funcionário de alto cargo do Departamento de Estado dos EUA também se demitiu pelos mesmos motivos: Josh Paul, encarregado de Assuntos Parlamentares do Departamento Político-Militar, opinou que o apoio "cego" do governo de Joe Biden a Israel está levando a decisões que são "míopes, destrutivas e contraditórias com os valores" dos quais se orgulha.
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