Dois condenados pelo assassinato de Malcolm X serão absolvidos
Promotoria de NY concluiu que a polícia e o FBI ocultaram evidências que provariam a inocência dos acusados, nos anos 1960
Internacional|Do R7
Dois homens condenados em 1966 pelo assassinato um ano antes, em Nova York, do ativista Malcolm X, um dos maiores expoentes da luta contra o racismo, serão absolvidos, anunciou nesta quarta-feira (17) o gabinete do promotor de Manhattan, Cyrus Vance.
"Esses homens não tiveram direito à justiça que mereciam", disse ao New York Times o promotor Vance, cujo gabinete confirmou que haverá uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (18), após a "anulação das condenações injustificadas" de Muhammad A. Aziz e Khalil Islam pela morte de Malcolm X.
O julgamento da morte do líder negro foi marcado por erros e omissões, de acordo com investigação conduzida pela Promotoria de Manhattan e pelos advogados de ambos os condenados, citada pelo jornal nova-iorquino.
Após 22 meses, a investigação concluiu que tanto o FBI (polícia federal) quanto a Polícia de Nova York ocultaram provas que, se tornadas públicas, provavelmente teriam levado à absolvição dos dois homens que passaram décadas na prisão por um crime que não cometeram.
Malcolm X foi assassinado em 21 de fevereiro de 1965, quando estava prestes a falar em um comício no Audubon Ballroom, em Manhattan, no auge de sua popularidade na luta pela igualdade e pelos direitos humanos.
Limpando os nomes
A revisão do caso surgiu após a apresentação de um documentário sobre o assassinato e uma nova biografia do ativista, que, no entanto, não identifica os assassinos ou revela se houve uma possível conspiração da polícia ou do governo para silenciá-lo.
Tampouco esclarece por que a polícia e o governo não conseguiram evitar o crime, quando as evidências mostram que havia amplos indícios de que seu assassinato estava sendo preparado.
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Depois de anos exigindo justiça, Aziz, de 83 anos, que foi libertado em 1985, e Islam, que saiu da prisão em 1987 e morreu em 2009, terão finalmente o nome limpo.
Um terceiro homem, Mujahid Abdul Halim, de 80 anos, confessou o assassinato e foi libertado em 2010. Durante o julgamento de 1966, ele afirmou que Aziz e Islam eram inocentes.