Egito diz que estrangeiros na Faixa de Gaza não podem sair por restrições de Israel
Autoridades israelenses acreditam que funcionários da passagem de Rafah fazem parte do grupo terrorista Hamas
Internacional|Do R7
O Egito afirmou nesta terça-feira (24) que os estrangeiros retidos na fronteira com a Faixa de Gaza não podem ser retirados pela passagem de Rafah, que liga o enclave ao Sinai egípcio, devido a restrições impostas pelas autoridades de Israel, que consideram "terroristas" os trabalhadores do lado palestino da passagem.
"Os trabalhadores da passagem deveriam gerir a evacuação desses estrangeiros, mas Israel diz que esses funcionários são terroristas, razão pela qual não o permitiram", declarou em entrevista coletiva Dhia Rashwan, diretor do Serviço Estatal de Informação, que atua como porta-voz do governo egípcio.
Rashwan afirmou que "o lado israelense está ameaçando os funcionários palestinos que administram a passagem de Rafah" e "os acusa de pertencerem ao Hamas", ao mesmo tempo que recordou que "todas as estradas da passagem não são seguras", tornando inviável a retirada de estrangeiros neste momento.
"As autoridades egípcias estão empenhadas em evacuar os estrangeiros de Gaza, mas Israel está impedindo", insistiu.
Rashwan disse que o Egito coordenou com todas as embaixadas no Cairo para facilitar essas evacuações a partir do sul da Faixa, onde centenas de estrangeiros se reuniram nos últimos dias na esperança de serem retirados através da passagem.
Perante as ameaças israelenses de ataque a Rafah — cujas imediações foram bombardeadas pelo menos quatro vezes —, as missões diplomáticas ordenaram a seus cidadãos que retornassem porque a passagem "não era segura para as pessoas e era impossível evacuá-las devido às autoridades israelenses".
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Os bombardeios também ocorreram "perto dos locais onde os estrangeiros estavam alojados", segundo Rashwan, que afirmou existirem pessoas de cerca de 75 nacionalidades em Gaza.
"Todas as embaixadas estrangeiras temem pelos seus cidadãos. A parte israelense deve assumir a responsabilidade pelos civis de dupla cidadania e pelos estrangeiros retidos na Faixa de Gaza e permitir que atravessem Rafah para retornar às suas casas. A passagem de Rafah não é puramente egípcia", recordou o funcionário.
A passagem de Rafah, que liga a península do Sinai egípcia ao enclave palestino, deveria inicialmente ser aberta para a ajuda humanitária e para a saída de estrangeiros retidos em Gaza, mas apenas a entrega de ajuda foi concluída.
Depois de a ajuda humanitária ter entrado na Faixa de Gaza por Rafah, em 21 de outubro, centenas de estrangeiros, a maioria palestinos com passaportes dos Estados Unidos, compareceram ao posto de passagem para serem retirados.
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