'Ela não conseguirá sobreviver por muito tempo', diz britânico que quer ir ao Sudão para salvar a mãe
Conflito que se estende desde 15 de abril, em torno da disputa pelo poder entre dois generais, já deixou mais de 400 civis mortos
Internacional|Maria Cunha*, do R7
O britânico Hisham Elfaki, de 39 anos, está desesperado para retornar ao Sudão, país devastado pela guerra que já matou 400 civis, em uma tentativa de salvar a mãe dele, Zeinab, de 76 anos.
Elfaki, que trabalha como consultor do NHS, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, diz que precisa ir à zona de conflito para ajudar a idosa, que sofre de artrite severa e passou dias sem comida ou água.
A mãe de Elfaki teme morrer no deserto ou ficar presa na fronteira se viajar sozinha para fora do Sudão, sem garantia de uma trajetória segura para a Grã-Bretanha, segundo o tabloide britânico Mirror.
Atormentado por preocupações com o bem-estar dela, o homem afirma que precisa encontrar uma maneira de retornar ao país. Ele pede que seu país de origem intervenha e forneça um visto de família para o Reino Unido àqueles que têm parentes britânicos.
"[Minha mãe] diz: 'Prefiro morrer em minha própria casa do que morrer no deserto ou na fronteira sendo humilhada'", contou o funcionário do NHS. “Se eu não entrar, ela não conseguirá sobreviver por muito tempo. Ela está ficando sem dinheiro. Ela precisa comer, ela precisa beber."
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O britânico conta ainda que, no caso da guerra na Ucrânia, as famílias foram ajudadas e havia esquemas para que as pessoas pudessem se reunir no Reino Unido.
Um porta-voz do governo disse: "Não temos planos de abrir uma rota de reassentamento sob medida para o Sudão. Prevenir uma emergência humanitária no Sudão é nosso foco agora. Juntamente com o esforço de evacuação do Reino Unido, estamos trabalhando com parceiros internacionais e as Nações Unidas para acabar com os combates."
Além disso, as autoridades afirmaram que, desde 2015, oferecem uma rota, segura e legal, para o Reino Unido a quase meio milhão de pessoas em busca de segurança.
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Quase 2.500 pessoas foram transferidas do Sudão para um local seguro em 30 voos de retirada, anunciou o governo britânico no dia 4 de maio.
O secretário de Relações Exteriores, James Cleverly, disse que um total de 2.450 pessoas foram ajudadas durante a retirada "maior e mais longa" para os países ocidentais, com o último voo partindo de Porto Sudão na noite da última quarta-feira (3).
O confronto no Sudão, que eclodiu no último dia 15 de abril, envolve o comandante do Exército, o general Abdel Fatah al Burhan, líder do país, e seu número 2, o general Mohamed Hamdan Daglo, comandante das FAR (Forças de Apoio Rápido).
Em outubro de 2021, os dois se juntaram para dar um golpe que tirou os civis do poder. Agora, as tropas dos dois generais estão em uma disputa sobre os planos de integração das FAR ao Exército oficial, uma condição crucial do acordo para a retomada da transição democrática no Sudão.
*Sob supervisão de Sofia Pilagallo