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Eleições na Bolívia: estas são as chaves da vitória de Rodrigo Paz

Novo presidente assume dia 8 de novembro e terá que lidar com uma Bolívia em crise política e econômica

Internacional|Gonzalo Zegarra, da CNN

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Rodrigo Paz venceu Jorge Quiroga e encerra o ciclo do MAS (Movimento ao Socialismo) na Bolívia.
  • Ele conseguiu captar votos de indecisos e apoio de simpatizantes de Evo Morales durante sua campanha.
  • Paz tomará posse em 8 de novembro e enfrentará uma crise política e econômica, com necessidade de reformas urgentes.
  • A expectativa é que ele resolva rapidamente a escassez de combustíveis e mantenha o preço subsidiado para evitar protestos.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Filho de ex-presidente, Rodrigo Paz promete recuperar economia com “capitalismo para todos” Reprodução/X/@agusantonetti

Ao derrotar Jorge “Tuto” Quiroga, Rodrigo Paz também superou as previsões das pesquisas e agora assumirá uma Bolívia envolvida em uma crise política e econômica.

Sua vitória encerra o ciclo do MAS (Movimento ao Socialismo) após uma campanha na qual foi fundamental o apelo popular de seu companheiro de chapa, que recebeu os resultados separadamente.


Paz Pereira, economista de 58 anos e filho do ex-presidente Jaime Paz, conseguiu captar, no primeiro turno de agosto, o voto dos indecisos que não apareciam nas pesquisas.

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Desta vez, o candidato do PDC (Partido Democrata Cristão), com uma proposta de uma mudança menos acentuada do que a proposta por seu rival, também obteve o apoio de milhares de simpatizantes do ex-presidente Evo Morales, que não convocou o voto nulo como no primeiro turno, segundo analistas consultados pela CNN.


Nascido na Espanha quando sua família estava no exílio, Paz coroa com esta vitória uma longa trajetória política como deputado, vereador, prefeito de Tarija e senador nacional.

“Paz fez uma campanha forte no território, o que ainda é muito forte na Bolívia. O resto dos candidatos entenderam isso da pior forma. Desde que entrou no Senado, Paz percorreu todo o país, demonstrou certa proximidade com as pessoas. Essa foi a vantagem que ele teve”, disse o analista político Jorge Márquez Meruvia.


O novo presidente tomará posse em 8 de novembro, e a partir desse dia, se não for antes, será configurada a relação que terá para governar com seu vice-presidente, o ex-capitão da polícia Edman Lara, que adquiriu um forte perfil durante a campanha.

Após o primeiro turno, Lara garantiu que não hesitaria em denunciar Paz se ele cometesse atos ilícitos e não descartou retirar seu apoio se não concordasse com as alianças políticas.


Lara, que acaba de completar 40 anos, não recebeu os resultados preliminares junto com Paz e chegou a declarar à mídia antes do provável vencedor, pouco antes de viajar a La Paz para se juntar às celebrações oficiais.

“A união com Lara se mostrou virtuosa. Com características distintas, eles conseguiram seduzir o eleitorado que vinha se desencantando com o ‘masismo’ (referência ao movimento político de Evo Morales - MAS). (Lara) tem um discurso muito de vida cotidiana, que vem de gente humilde, e isso funcionou”, disse Zegada.

A cientista política acrescentou que foi o candidato a vice-presidente, e não Paz, quem trouxe a ideia “de renovação, do novo e do popular, sensível às feridas da população”. Ela garantiu que em certos momentos a campanha “foi Tuto ou Lara”, com menor protagonismo do senador.

Paz, que evita se definir no espectro de esquerda ou direita, negou durante a campanha que seja um “cavalo de Troia” do ex-presidente Morales, após especulações sobre um possível apoio.

José Orlando Peralta, cientista político da Universidade Autônoma Gabriel René Moreno, apontou a fraqueza dos partidos para explicar o alto perfil de Lara.

“A hiperpersonalização da política na Bolívia é evidente. Diante da falta de estrutura, o mensageiro é o mais importante”, indicou.

No caso de Quiroga, que nunca conseguiu se desvencilhar do rótulo de “neoliberal”, seu candidato a vice-presidente, Juan Pablo Velasco, foi acusado de supostas mensagens racistas de 15 anos atrás que teria publicado no X (antigo Twitter), que ele negou ter escrito.

O eleitor indígena “tem uma identificação sociocultural com Lara”, e para a votação “setores da classe média das cidades acreditaram que o caso de Paz e Lara é viável” em comparação com a opção de Quiroga, acrescentou Peralta.

A Bolívia, com uma das maiores reservas de lítio do mundo, é um foco de interesse para várias potências internacionais. O fim do ciclo do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Evo Morales) faz prever uma guinada na política externa, apesar de não ter sido um tema preponderante na campanha.

Os analistas consultados pela CNN esperam que a relação com os Estados Unidos não seja antagônica como foi durante os governos de Morales e, em menor grau, durante o mandato do presidente de saída, Luis Arce.

Paz rejeitou a ideia de contrair dívidas de organismos multilaterais e, segundo Zegada, “não deu clareza” sobre suas propostas econômicas para um país em recessão, com inflação em alta e forte escassez de combustível.

Para o cientista político Márquez Meruvia, Paz tem uma margem maior do que Quiroga teria para enfrentar as demandas sociais e encarar as reformas necessárias, mas o tempo pode jogar contra ele.

Com relação a isso, Peralta destacou: “Tanto Rodrigo quanto Tuto e suas equipes cometeram o erro, no afã de ter uma estratégia, de garantir a distribuição de combustível para 9 de novembro. Eles mesmos elevaram a barra.”

Por isso, ressaltou, a expectativa da população é que, a curto prazo, as longas filas para conseguir gasolina e diesel deixem de existir, algo que pode não ser resolvido tão rapidamente.

Outro fator que ele mencionou é saber se o preço continuará subsidiado, o que também pode ser foco de protestas em caso de aumentos. “Vamos ver qual será a narrativa para conter os ideológicos contrários ou que estão descontentes”, indicou.

Nesse mar de urgências, Paz terá três semanas para montar um gabinete e construir pontes na Assembleia Legislativa que lhe permitam ter governabilidade diante de grupos sociais que anseiam por uma mudança.

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