Eleições nos EUA são marcadas por mulheres pioneiras na política
Votação desta terça-feira (6) levou ao Congresso mulheres indígenas, coreanas, muçulmanas e lésbicas, além da mais jovem deputada já eleita
Internacional|Eugênio Goussinsky, Carolina Vilela* e Cristina Charão, do R7
As eleições parlamentares dos EUA de 2018 foram marcadas pela vitória de diversas mulheres que se tornam pioneiras na política do país. Jovens, indígenas, muçulmanas, refugiadas, coreanas que darão uma cara totalmente nova ao Congresso norte-americano.
A votação realizada nesta terça-feira (6) nos 50 estados renovou todas as 435 vagas da Câmara e 35 das 100 cadeiras do Senado. Também houve eleições para o governo de 36 estados.
No geral, as chamadas "midterm elections" — ou eleições de meio de mandato, na tradução para o português — mostraram a divisão equilibrada do país entre os Democratas, que ganharam a maioria na Câmara, e os Republicanos, que mantiveram o comando do Senado. O resultado coloca o republicano Donald Trump sob pressão, mas amplia o poder do presidente dentro do próprio partido.
Mas quando a análise é feita pelo ponto de vista de gênero, as mulheres são as grandes vencedoras destas eleições. Terão um número recorde de mandatos no Congresso Nacional e igualaram o recorde anterior de número de governadoras.
Além disso, injetaram sangue novo na política norte-americana com a eleições de várias "primeiras", como se pode ver na lista abaixo:
A mulher mais jovem na Câmara
Alexandria Ocasio-Cortez, 29, negra, latina e autodenominada socialista, conseguiu 78% dos votos nas eleições desta terça-feira (6) em seu distrito na cidade de Nova York. Ela se tornou a mulher mais jovem a assumir uma cadeira na Câmara dos EUA.
Nas primárias de Nova York, Alexandria havia derrotado o veterano Joe Crowley, que era cotado como possível presidente da Câmara.
A jovem, que ainda está pagando por seu financiamento universitário e até pouco tempo atrás não tinha seguro-saúde, se tornou o principal rosto do movimento de renovação no Partido Democrata, que se apoia em mulheres e minorias para tentar levar a legenda mais para a esquerda.
A primeira refugiada a se tornar deputada
Ilhan Omar, 35, graduada em Ciências Políticas e Estudos Internacionais, tornou-se uma das primeiras congressistas muçulmanas, a primeira mulher negra a representar o Estado da Minnesota e a primeira ex-refugiada com cidadania africana no Congresso dos EUA.
Ela recebeu 78,2% dos votos em seu distrito eleitoral no estado de Minessotta.
Durante as primárias para representar o Partido Democratas, Omar venceu todos seus oponentes.
Ilhan Omar nasceu na Somália e é a mais nova de sete irmãos. Para fugir de uma guerra civil em seu país natal, foi para os EUA com 12 anos sabendo muito pouco sobre a língua local.
Filha de palestinos
Rashida Tlaib, 42, tornou-se a primeira mulher muçulmana a servir na Assembleia Legislativa de Michigan e a segunda mulher muçulmana na história a ser eleita para qualquer legislatura estadual dos EUA em 2009, quando assumiu pela primeira vez a Câmara dos Representantes de Michigan.
Agora, nas eleições parlamentares, Rashida se tornou a primeira mulher muçulmana no Congresso e a primeira mulher palestino-americana no Congresso com 88,7% dos votos, pelo Partido Democratas.
Indígena eleita no Kansas
Nascida no Kansas, a procuradora Sharice Davids, 38, elegeu-se deputada e, como membro da tribo Ho-Chunk, será a primeira representante nativa com uma vaga no Congresso, no lugar do republicano Kevin Yoder.
Ela se identifica como lésbica e durante a campanha, contou um pouco de sua vida para explicar os valores que defende.
Davids também se apresentou como uma defensora da importância do Exército. Ela é filha de uma mãe solteira veterana das Forças Armadas dos EUA. A luta pela igualdade ela remete ao fato de ser mulher e nativa.
A deputada eleita é advogada, formada na Universidade de Cornell, o que é considerado por como relevante para chegar a consensos.
Novo México também elegeu indígena
Outra indígena eleita deputada e que também assumiu a condição de lésbica é Deb Haaland, 57. Ela é integrante do povo Laguna Pueblo.
Nascida em Winslow, Arizona, ela foi eleita pelo Novo México e substitui Michelle Lujan Grisham, eleita governadora do estado.
Haaland foi líder do Partido Democrata do Novo México (2015-2017).
Na campanha presidencial de Barack Obama em 2012, e conseguiu muitos votos de indígenas para a eleição de seu candidato.
Primeira coreana eleita
A primeira descendente de coreanos eleita no país é Young Kim, 56. A futura deputada pela Califórnia nasceu em Incheon, Coreia do Sul.
Ela se graduou em 1981 pela University Southern of California e, como plataforma, ela mantém um caráter conservador, típico dos republicanos.
Fala em liderança global dos Estados Unidos, em aprimoramento dos equipamentos para dar maior segurança à população e no acolhimento dos imigrantes que são legalizados no país.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão