Em Bangladesh, 16 têm sentença de morte por queimar vítima de abuso
Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, foi assassinada depois de se negar a desistir da denúncia de assédio que havia feito contra o diretor de sua escola
Internacional|Do R7
Dezesseis cidadãos de Bangladesh foram condenados à morte nesta quinta-feira (24) pelo assassinato de uma estudante de 19 anos, Nusrat Jahan Rafi, que foi queimada viva no último mês de abril depois de denunciar o assédio sexual que sofria do diretor de sua escola. As informações são do jornal britânico The Guardian.
Segundo o periódico, entre os condenados há ex-alunos da mesma instituição de ensino, professores e funcionários — 12 dos 16 confessaram ter participado do assassinato. Na ocasião, a jovem Nusrat foi conduzida até a cobertura da escola, embebida em querosene e incendiada. Com 80% do corpo queimado e encaminhada a um hospital em Dhaka, Nusrat morreu cinco dias após o ataque.
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O caso foi julgado em um tribunal de prevenção à violência contra mulheres e crianças na cidade de Feni, no sudeste de Bangladesh. De acordo com o Guardian, as sentenças de morte serão enviadas à suprema corte do país para confirmação e provavelmente serão alvos de apelação.
Nusrat Jahan Rafi se tornou visada depois de se negar a desistir da queixa que havia feito para a polícia contra o diretor da escola. Um vídeo que mostrava seu relato sendo desacreditado por um agente passou circular pela internet. Ainda assim, o diretor foi preso — e a família dele começou a pressionar a família de Nusrat para que a denúncia fosse retirada.
Após a condenação desta quinta-feira, a mídia local informou que a família da jovem tem sido escoltada pela de Bangladesh em meio a temores de represálias.
Desde a morte Nusrat, ativistas ressaltam que o assassinato expôs a cultura de impunidade em relação a crimes sexuais contra mulheres e crianças no país, ainda que Bangladesh tenha uma legislação específica para esses casos desde 2000.
Os suspeitos raramente são processados após denúncias de estupro e agressão sexual. Depois do assassinato da jovem, Bangladesh ordenou que 27.000 escolas criassem comitês de prevenção à violência sexual.