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Em Havana, eletricidade volta após duas noites de protestos da população

Cubanos enfrentam dias caóticos desde a violenta passagem do furacão Ian; país pediu ajuda emergencial ao governo dos EUA

Internacional|Do R7

População de Cuba ocupou as ruas do país após dias sem luz nem internet por causa do furacão Ian
População de Cuba ocupou as ruas do país após dias sem luz nem internet por causa do furacão Ian

O fornecimento de energia elétrica foi restabelecido em 94,53% das residências de Havana, informou a estatal União Elétrica (UNE) no sábado (1º), após uma segunda noite de manifestações em diversas partes da cidade e um corte generalizado de internet em Cuba.

Em meio a protestos pela falta de eletricidade devido ao apagão ocorrido na terça-feira (27), após a violenta passagem do furacão Ian pelo oeste de Cuba, o serviço de internet foi cortado na sexta-feira (30) por volta das 20h locais (21h de Brasília) em toda a ilha, segundo o NetBlocks, site que monitora bloqueios de internet em todo o mundo.

A companhia elétrica da capital, subsidiária da estatal e monopolista UNE, disse em sua conta no Facebook que, em "Havana, com um total de 854.074 clientes, 46.719 são afetados [e] 807.360 têm serviço de eletricidade, 94,53% de recuperação".

Ao menos dois jovens foram detidos quando protestavam em Línea, uma avenida central, para exigir o restabelecimento da energia elétrica.


Enquanto isso, na província de Pinar del Río, a mais afetada pelo furacão, a restauração elétrica é de apenas 3,12% e, na vizinha Artemisa, é de 38,11% do total de usuários.

A UNE não forneceu a taxa de recuperação do serviço em nível nacional.


A NetBlocks tuitou, na noite de sexta-feira, que "dados de rede em tempo real mostram que a internet foi cortada em Cuba pela segunda noite consecutiva".

De acordo com o site especializado, “as métricas mostram um colapso na conectividade após as 20h, horário local, em meio a protestos por más condições e quedas de energia agravadas pelo furacão Ian”.


O serviço de internet voltou lentamente no sábado. A empresa cubana de telecomunicações Etecsa não confirmou a queda total do serviço durante as duas noites.

'Queremos luz'

No sábado, as manifestações continuaram em pelo menos um bairro de Havana, com 2,1 milhões de habitantes, desencadeadas na quinta-feira em vários pontos da cidade para exigir que as autoridades recuperassem a eletricidade.

Em Vedado, um bairro populoso no centro de Havana, algumas dezenas de pessoas saíram às ruas nesta manhã batendo panelas para exigir luz.

Em Guanabacoa, município a leste de Havana, outro grupo de pessoas saiu para bloquear as ruas com galhos, árvores derrubadas pelo Ian e contêineres de lixo, como vem acontecendo em outras partes da cidade, segundo mostram imagens divulgadas na internet.

Na noite de sexta-feira, cerca de cem pessoas se manifestaram no município de Cerro, numa zona central da capital. Às vezes, o clima esquentava, devido à forte presença policial. "Queremos luz! Queremos luz!", repetiam. Em outro ponto próximo, sobretudo mulheres com crianças foram protestar.

Essas mulheres, como a maioria dos manifestantes, se desesperam com os apagões, que põem em risco os poucos alimentos que elas armazenam em seus freezers e que também impedem o bombeamento de água das fontes que abastecem a capital.

Solicitação a Washington

As forças policiais foram mobilizadas por toda a cidade, embora geralmente permitissem o prosseguimento dos protestos.

A mais alta autoridade de Havana, o primeiro-secretário do PCC (Partido Comunista, único), no poder, Luis Antonio Torres, disse na sexta-feira que "protestar é um direito", mas considerou que, em vez de ajudar, isso atrasa o trabalho de recuperação.

Os protestos desta semana em Havana são os maiores desde as manifestações históricas de 2021, que deixaram um morto, dezenas de feridos e cerca de 500 manifestantes que estão cumprindo pena — alguns, de mais de 20 anos de prisão.

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O governo dos Estados Unidos recebeu um pedido incomum do governo cubano, para fornecer ajuda emergencial após o impacto devastador do furacão Ian, de acordo com o Wall Street Journal.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou à AFP que Washington continua se comunicando com o governo cubano sobre "as consequências humanitárias e ambientais do furacão Ian e do incêndio de 5 de agosto", em um importante centro de armazenamento de combustível em Matanzas, a 100 km de Havana.

"Estamos avaliando as maneiras pelas quais podemos continuar apoiando o povo cubano, em consonância com as leis e regulamentos dos Estados Unidos", disse. Washington mantém um embargo contra Cuba há seis décadas, endurecido desde o governo de Donald Trump (2017-2021), o que dificulta esse fluxo.

A chancelaria cubana divulgou em um tuíte uma carta publicada pelo jornal The New York Times, em que "líderes e ativistas nos EUA fazem um apelo urgente, exigindo que [Joe] Biden suspenda temporariamente as sanções e permita a Cuba que compre as provisões necessárias para a reconstrução após o #HuracánIan".

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