Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Empresa suspensa pelo Facebook mirava eleições no Brasil

Executivos da britânica Cambridge Analytica foram flagrados oferecendo dossiês, criação de denúncias e até uso de prostitutas contra candidatos

Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais

David Nix, executivo da CA sugere 'mandar garotas para a casa do candidato'
David Nix, executivo da CA sugere 'mandar garotas para a casa do candidato'

A empresa britânica de análise de dados Cambridge Analytica sofreu mais uma dura denúncia nesta segunda-feira (19), envolvendo interferência em eleições nacionais, campanhas sujas e sugerindo até usar garotas de programa para obter ganhos eleitorais. A CA passou a atuar recentemente no Brasil, por meio de uma franquia, e estava buscando candidatos para prestar serviços.

Desde o fim de semana, a empresa está no centro de um escândalo por conta da utilização de dados pessoais de mais de 50 milhões de usuários do Facebook durante as eleições de 2016 nos Estados Unidos.

A emissora britânica Channel 4 divulgou uma matéria em que seus produtores se disfarçaram de emissários de um canditado à eleição do Sri Lanka e procuraram a empresa.

Com câmeras escondidas, eles registraram os principais executivos da Cambridge Analytica oferecendo 'serviços' como produção de denúncias falsas, utilização de empresas de fachada e até chantagem para venderem seu 'produto': vitória nas urnas.


Atuação global

Na primeira reunião com os produtores do Channel 4, o executivo Mark Turnbull lista alguns dos mais de 200 países em que a Cambridge Analytica trabalhou, como Nigéria, Quênia, República Tcheca, Índia, Malásia, México, Argentina e Estados Unidos. No final, ele fala de países onde a empresa estaria entrando: Brasil e China.


O executivo Mark Turnbull citou o Brasil em reunião
O executivo Mark Turnbull citou o Brasil em reunião

"O Brasil é grande", diz o executivo, sem entrar em detalhes. No Brasil, a Cambridge Analytica anunciou sua chegada em novembro de 2017, em uma parceria com a CA Ponte. O R7 solicitou uma nota à empresa na noite desta segunda, mas ainda não obteve resposta.

O destaque da conversa, no entanto, fica para o Quênia. Turnbull conta que a empresa trabalhou no país em 2013 e 2017, nas duas eleições vencidas pelo presidente Uhuru Kenyatta. A CA sempre negou oficialmente ter trabalhado na campanha.


"Nós não apenas trabalhamos. Mudamos o nome do partido duas vezes, escrevemos os textos oficiais deles, fizemos duas pesquisas com 50 mil eleitores, fizemos análises de dados, escrevemos os discursos, montamos as estruturas para os discursos", lista Turnbull.

Campanha sutil

No segundo encontro, Turnbull volta a se encontrar com os produtores e afirma que conta com uma rede de ex-espiões que podem ajudar a coletar informações sobre os adversários políticos do candidato que os contratar.

"Mas qualquer coisa que eles descubram tem de ser divulgada de uma maneira que ninguém pense que é propaganda política, precisa ser sutil, senão as pessoas se perguntam 'de onde isso veio?'", afirma o executivo.

Leia também

Ele ainda abre a possibilidade de que a empresa trabalhe por baixo dos panos, utilizando empresas de fachada.

Táticas

A terceira reunião é a mais reveladora, porque conta com a presença do diretor-executivo da Cambridge Analytica, David Nix. De início, ele fala sobre como ter dossiês sobre adversários pode ser eficiente, mas que há meios mais rápidos de vencer as eleições.

"Pode ser igualmente eficiente conversar com algum político que esteja no cargo e oferecer um negócio bom demais para ser verdade e fazer um vídeo. Essas táticas são muito eficientes, você tem um vídeo instantâneo provando corrupção e pode colocar na internet. Colocamos alguém fingindo que é um investidor rico, interessado em financiar uma campanha", conta Nix.

Por fim, uma tática que o executivo afirma que pode ser interessante é 'levar garotas bonitas para a casa do candidato'.

"Podemos trazer algumas garotas ucranianas e apresentá-las ao candidato, gravar o que acontece. Funciona muito bem. Só estou dando exemplos do que já fizemos e do que podemos fazer. Essas coisas não precisam nem ser verdadeiras, só precisamos que as pessoas acreditem", finaliza Nix.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.