Um homem de 32 anos, identificado apenas como “S”, decidiu falar publicamente pela primeira vez após ser resgatado de um cativeiro que durou mais de duas décadas. O caso veio à tona em fevereiro, quando a vítima ateou fogo na casa onde vivia com a madrasta, em Connecticut, Estados Unidos, e foi encontrado pelas autoridades em condições degradantes.A declaração, divulgada com o apoio da organização Survivors Say, marca um ponto de virada na trajetória do rapaz. “Sou um sobrevivente de mais de 20 anos de confinamento e violência doméstica. Estou começando a reconstruir minha vida e quero participar da forma como minha história será contada”, disse.S afirma que foi retirado da escola na quarta série, por volta dos 11 anos, e desde então não teve mais contato com o mundo exterior. De acordo com documentos da investigação, ele vivia trancado em um pequeno espaço e recebia quantidades limitadas de comida e água. Relatos apontam que ele pesava aproximadamente 30 quilos e apresentava sinais severos de negligência física.Os investigadores também relataram que a condição dos dentes de S era tão precária que pedaços se quebravam quando ele tentava mastigar. Ele também estaria há pelo menos um ano sem tomar banho.Durante o resgate, socorristas encontraram o homem em posição fetal. Ele relatou que ateou fogo na casa como último recurso para chamar a atenção das autoridades. A partir do resgate, passou a receber cuidados médicos e apoio psicológico.A madrasta, Kimberly Sullivan, foi presa sob acusações de sequestro e agressão. Ela se declarou inocente. A defesa alega que o responsável pelo confinamento era o pai biológico do rapaz, falecido no ano anterior ao incêndio. A mãe de S havia perdido a guarda do filho quando ele ainda era criança.Em nota, S afirmou que está escolhendo um novo nome, como forma de marcar a liberdade recém-conquistada. “Essa é a primeira escolha que faço por mim mesmo. Outras virão”, declarou.Ele também agradeceu à equipe de socorro, aos profissionais de saúde e ao abrigo onde está temporariamente hospedado. “Estou melhor do que no dia em que fui resgatado. Sou grato por todo o cuidado que recebi”, afirmou.Pela primeira vez, ele também comemorou seu aniversário. “Nunca tive uma festa antes. Foi importante poder celebrar os 32 anos de vida”, disse.Com o apoio da Survivors Say, foi lançada uma campanha online para arrecadar fundos destinados a cobrir despesas com moradia, cuidados médicos, tratamento odontológico, apoio terapêutico e assistência jurídica. A iniciativa já arrecadou mais de US$ 280 mil, aproximando-se da meta de US$ 300 mil (cerca de R$ 1,8 milhão)A Survivors Say é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2021 por David Guarino, um jornalista e consultor de comunicação dos EUA. Com uma equipe composta por mais de 40 voluntários e o apoio de centenas de doadores ao redor do mundo, a entidade oferece suporte gratuito a vítimas de violência. Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp