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Entenda como funciona o processo de impeachment de Trump

Ex-presidente está sendo julgado por ter 'incitado' invasão ao Capitólio; advogados alegam que processo é inconstitucional

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Trump é primeiro presidente a sofrer dois processos de impeachment
Trump é primeiro presidente a sofrer dois processos de impeachment

Pela primeira vez na história, os Estados Unidos terão um julgamento de impeachment de um ex-presidente. Donald Trump deixou oficialmente o cargo no dia 20 de janeiro, mas o processo para a remoção do empresário do poder começou uma semana antes do fim do mandato presidencial e uma semana depois da invasão ao Capitólio.

Os EUA não têm histórico de tentar remover presidentes do poder, com pouquíssimos políticos enfrentando o processo, e nenhum antes havia conseguido a proeza de Trump de sofrer o processo duas vezes.

O novo julgamento contra Trump no Senado americano começa na terça-feira (9), e a legalidade do processo divide especialistas. Enquanto uma maioria defende que o processo inédito tem base legal e pode continuar, alguns alegam que o julgamento político de alguém que nem está mais no cargo é inconstitucional.

Apesar da discussão, o processo correrá normalmente. Trump está sendo julgado por ter “incitado uma insurreição”, que resultou na invasão ao Capitólio. No dia 6 de janeiro, milhares de apoiadores do presidente marcharam em Washington em um protesto violento, que resultou em 5 mortes, incluindo um policial, e dois suicídios, além de centenas de prisões.


O julgamento do impeachment nos EUA é bastante diferente do brasileiro. Enquanto aqui o presidente é afastado logo depois da aprovação do caso na Câmara, nos EUA Trump só deixaria o cargo depois da condenação no Senado, explica o professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, Felipe Loureiro.

Enquanto a Câmara americana aprova os artigos do impeachment, é no Senado que o julgamento de verdade acontece. Trump contará com uma equipe de advogados de defesa e os senadores funcionarão como uma corte.


Segundo advogados de Trump, empresário não incitou invasão ao Capitólio
Segundo advogados de Trump, empresário não incitou invasão ao Capitólio

Os argumentos da defesa

Trump trocou a equipe de advogados de defesa no último fim de semana, o que é “muito incomum”, avalia o professor. “Fica claro que houve uma divergência irrecuperável entre o cliente e os representantes legais”.

Segundo a mídia americana, a antiga equipe de Trump não queria que o processo focasse nas alegações do bilionário de que as eleições presidenciais de 2020 foram fraudadas, argumento que a nova equipe do ex-presidente acatou.


Em um documento enviado ao Senado, a defesa de Trump apresentou os três principais argumentos para o julgamento: a inconstitucionalidade do impeachment, a fraude nas eleições e defender que Trump não incitou uma revolta popular.

O dia da invasão ao Capitólio era o dia em que Joe Biden seria oficializado no Senado, e o vice-presidente, Mike Pence, participaria da cerimônia. Horas antes, Trump fez um discurso em que insistia na tese de que não perdeu as eleições e convidou os apoiadores a lutarem.

“Os advogados agora defendem que Trump tinha o direito de ter feito o discurso antes da invasão e usam o Artigo 1 da Constituição, que fala sobre liberdade de expressão, como justificativa legal”, explica o professor.

Os advogados também vão alegar que não havia provas que comprovassem que as eleições de novembro de 2020 não foram fraudadas e que Trump não teve acesso a essas informações.

Senadores Democratas precisam de apoio de Republicanos
Senadores Democratas precisam de apoio de Republicanos

O apoio dos republicanos

Para o processo do impeachment ser aprovado, os democratas vão precisar de pelo menos 17 republicanos se opondo a Trump, o que é “praticamente improvável de acontecer”, diz Loureiro.

Até agora, a oposição conta com 5 votos Republicanos. A base trumpista no Senado alega que “não faz sentido o processo de impeachment, pois a condenação não teria o principal efeito, que é o afastamento de um presidente”, observa a professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker. 

Apesar da gravidade da invasão ao Capitólio e o ataque à democracia, os senadores Republicanos temem as represálias que sofreriam caso apoiassem o processo, reflete o professor Felipe Loureiro.

Já há casos de congressistas do partido sendo ameaçados por apoiadores do ex-presidente em seus estados base, como o caso de Liz Cheney, a terceira principal líder do partido na Câmara dos Representantes, que correu o risco de ser afastada da liderança por ter votado a favor do impeachment.

“Os senadores podem estar se escondendo por trás do argumento da inconstitucionalidade para não deixar os apoiadores bravos”, cogita.

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