Entenda como ouro pode crescer em árvores, segundo estudo
Pesquisadores identificaram bactérias que ajudam a formar nanopartículas de ouro em folhas de espécie típica da Finlândia
Internacional|Do R7
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Cientistas da Universidade de Oulu e do Serviço Geológico da Finlândia descobriram nanopartículas de ouro dentro das folhas de abetos-da-noruega (Picea abies), árvores típicas das florestas do norte do país.
Um estudo detalhando a descoberta, publicado em agosto deste ano na revista Environmental Microbiome, mostra que bactérias que vivem dentro dessas folhas podem transformar ouro dissolvido no solo em partículas sólidas.
A pesquisa é a primeira a estabelecer uma ligação direta entre microrganismos presentes em plantas e a formação de ouro. Segundo os pesquisadores, esse processo pode abrir caminho para novas formas de exploração mineral com menor impacto ambiental.
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Ouro nas árvores
O estudo analisou 138 amostras de folhas de 23 abetos que crescem sobre um depósito de ouro conhecido. Usando microscopia eletrônica e sequenciamento genético, os cientistas encontraram nanopartículas de ouro em quatro das árvores examinadas - cerca de 17% do total.
Essas partículas foram observadas, segundo os pesquisadores, próximas a aglomerados de bactérias envoltas em biofilmes, uma camada protetora e pegajosa onde os micróbios vivem em comunidade.
Bactérias importantes?
A análise genética identificou grupos bacterianos mais comuns nas folhas que continham ouro, como P3OB-42, Cutibacterium e Corynebacterium. De acordo com os pesquisadores, essas bactérias parecem favorecer a transformação do ouro em sua forma sólida.
“Essas espécies podem ajudar a converter ouro solúvel, transportado pela água do solo, em partículas dentro das agulhas das árvores”, disse a pesquisadora Kaisa Lehosmaa, da Universidade de Oulu, ao site especializado Earth.
Como é o processo
O ouro presente no subsolo se dissolve na água e é absorvido pelas raízes das plantas. Dentro das folhas, os microambientes criados pelos biofilmes bacterianos alteram a química local, fazendo com que o metal perca solubilidade e se transforme em partículas microscópicas.
Nem todas as árvores apresentaram ouro. Isso ocorre porque cada uma tem um microbioma e rotas de água diferentes, o que influencia a presença das partículas, segundo a pesquisa.
Exploração e aplicações ambientais
A descoberta dialoga diretamente com a chamada exploração biogeoquímica, técnica que analisa elementos químicos em plantas para identificar depósitos minerais subterrâneos. Isso porque o estudo mostra que a presença de certas bactérias pode servir como indicador adicional na busca por metais preciosos.
Segundo a professora Maarit Middleton, do Serviço Geológico da Finlândia, o método pode reduzir o número de perfurações e o impacto ambiental na exploração de ouro. “Essas informações nos ajudam a entender melhor o que acontece nas plantas e como elas refletem a geologia abaixo do solo”, disse.
Os pesquisadores acreditam que processos semelhantes poderiam ser usados para remover metais da água em áreas afetadas pela mineração. Musgos e plantas aquáticas, por exemplo, poderiam ajudar a transformar metais dissolvidos em partículas sólidas, facilitando a purificação da água.
Os cientistas pretendem agora realizar experimentos controlados para observar o processo em tempo real e confirmar como os micróbios transformam o ouro. Estudos futuros também devem testar outras espécies de plantas e diferentes tipos de depósitos minerais.
Perguntas e Respostas
Quais foram as descobertas dos cientistas da Universidade de Oulu e do Serviço Geológico da Finlândia?
Cientistas descobriram nanopartículas de ouro dentro das folhas de abetos-da-noruega, árvores típicas da Finlândia. Eles identificaram que bactérias presentes nessas folhas podem transformar ouro dissolvido no solo em partículas sólidas.
Qual é a importância do estudo publicado na revista Environmental Microbiome?
O estudo é a primeira pesquisa a estabelecer uma ligação direta entre microrganismos em plantas e a formação de ouro. Essa descoberta pode levar a novas formas de exploração mineral com menor impacto ambiental.
Como foi realizada a pesquisa sobre as folhas de abetos?
A pesquisa analisou 138 amostras de folhas de 23 abetos que crescem sobre um depósito de ouro conhecido. Usando microscopia eletrônica e sequenciamento genético, os cientistas encontraram nanopartículas de ouro em quatro das árvores examinadas, representando cerca de 17% do total.
Onde foram encontradas as nanopartículas de ouro nas folhas?
As nanopartículas de ouro foram observadas próximas a aglomerados de bactérias envoltas em biofilmes, que são camadas protetoras onde os microrganismos vivem em comunidade.
Quais bactérias foram identificadas nas folhas que continham ouro?
As análises genéticas identificaram grupos bacterianos como P3OB-42, Cutibacterium e Corynebacterium, que parecem favorecer a transformação do ouro em sua forma sólida.
O que a pesquisadora Kaisa Lehosmaa disse sobre o processo de transformação do ouro?
Kaisa Lehosmaa afirmou que essas espécies de bactérias podem ajudar a converter ouro solúvel, transportado pela água do solo, em partículas dentro das agulhas das árvores.
Como o ouro se dissolve e é absorvido pelas plantas?
O ouro presente no subsolo se dissolve na água e é absorvido pelas raízes das plantas. Dentro das folhas, os microambientes criados pelos biofilmes bacterianos alteram a química local, fazendo com que o metal perca solubilidade e se transforme em partículas microscópicas.
Por que nem todas as árvores apresentaram ouro?
Nem todas as árvores apresentaram ouro devido às diferenças em seus microbiomas e rotas de água, o que influencia a presença das partículas.
Qual é a relação da descoberta com a exploração biogeoquímica?
A descoberta está relacionada à exploração biogeoquímica, que analisa elementos químicos em plantas para identificar depósitos minerais subterrâneos. O estudo sugere que a presença de certas bactérias pode servir como um indicador adicional na busca por metais preciosos.
Como o método pode impactar a exploração de ouro?
Segundo a professora Maarit Middleton, o método pode reduzir o número de perfurações e o impacto ambiental na exploração de ouro, ajudando a entender melhor a relação entre as plantas e a geologia abaixo do solo.
Quais são as perspectivas futuras da pesquisa?
Os pesquisadores pretendem realizar experimentos controlados para observar o processo em tempo real e confirmar como os micróbios transformam o ouro. Estudos futuros também devem testar outras espécies de plantas e diferentes tipos de depósitos minerais.
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