Equador entrega pertences de Julian Assange aos Estados Unidos
O material acumulado durante quase sete anos inclui dois manuscritos, documentos jurídicos, relatórios médicos e equipamentos eletrônicos
Internacional|Da EFE
As autoridades do Equador começaram a entregar aos Estados Unidos os pertences pessoais do ativista australiano Julian Assange, informou nesta segunda-feira (20) em comunicado o site WikiLeaks.
O material inclui dois manuscritos, documentos jurídicos, relatórios médicos e equipamentos eletrônicos, o que, segundo o Wikileaks, "viola as leis que protegem a confidencialidade médica e jurídica" do acusado.
O ministro de Relações Exteriores do Equador, José Valencia, autorizou neste mês a entrega desse material, que Assange acumulou durante os quase sete anos que viveu como asilado na embaixada do país em Londres, onde foi detido em 11 de abril.
Leia também
Procuradoria sueca pede prisão de Assange por alegação de estupro
‘É incrível que ele esteja vivo’, diz brasileiro que entrevistou Assange
Para não ser preso, Assange ficou 2.429 dias na embaixada do Equador
Trump toma distância do WikiLeaks após prisão de Assange
Acompanhe o noticiário internacional do portal R7
Aitor Martínez, advogado do jornalista e ativista australiano, afirmou nesta segunda-feira que isso "não tem precedentes na história do asilo".
"O Equador está cometendo uma violação flagrante das normas mais elementares da instituição de asilo, entregando indiscriminadamente todo o material pessoal do asilado aos Estados Unidos, o país que o ameaçava", disse Martínez.
Assange, que está detido em uma prisão de segurança máxima em Londres, foi condenado recentemente por um tribunal britânico a 50 semanas de detenção pela violação das condições de liberdade condicional em 2012 e espera que o Reino Unido decida sobre um pedido de extradição dos Estados Unidos pelo vazamento de documentos sigilosos.
Além disso, o Ministério Público da Suécia apresentou nesta segunda-feira uma ordem de detenção contra Assange pelo suposto crime de estupro, dois anos depois de arquivar o caso que levou o jornalista a buscar asilo na embaixada equatoriana em 2012.
O editor-chefe do WikiLeaks, o islandês Kristinn Hrafnsson, disse que o Equador está realizando "um espetáculo teatral em sua embaixada em Londres para seus amos em Washington, bem a tempo para que possam expandir o caso de extradição antes do prazo limite de 14 de junho".
"O governo de (Donald) Trump está induzindo seus aliados a se comportarem como se estivessem no Velho Oeste", acrescentou Hrafnsson.
Por sua vez, Baltasar Garzón, o ex-juiz espanhol que coordena a defesa jurídica de Assange, classificou o sucedido como "um ataque sem precedentes ao direito de defesa e à liberdade de expressão" e pediu o amparo de organizações internacionais de proteção "para que essa perseguição termine".