Equador: presidente dá ultimato para sequestradores de jornalistas
Lenín Moreno abandonou Cúpula das Américas e ordenou que insurgentes colombianos apresentem provas de vida das vítimas
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7, com agências internacionais
O presidente do Equador, Lenín Moreno, abandonou a Cúpula das Américas em Lima na noite desta quinta-feira (12) após receber fotos do que seriam os corpos de jornalistas e do motorista do jornal El Comercio — sequestrados perto da fronteira do Equador com a Colômbia no último dia 26 de março. "Decidimos retornar imediatamente ao Equador pela situação crítica que vivemos neste momento", publicou o líder no Twitter.
O mandatário ordenou que os sequestradores, dissidentes da Farc conhecidos como 'Frente Oliver Sinisterra', apresentem provas de vida das vítimas até 10h50 da manhã desta sexta-feira (13) — 12h50 no horário de Brasília. "Basta já! Caso contrário, iremos com toda a força, sem contemplações, sancionar esses violadores dos direitos humanos e de todos os princípios da solidariedade", disse Moreno, de acordo com o El Comercio.
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Os funcionários do periódico — o fotógrafo Paúl Rivas, o repórter Javier Ortega e o motorista Efraín Segarra — foram raptados na cidade de Mataje enquanto realizavam seu trabalho.
As imagens dos supostos corpos foram apresentadas ao chefe de Criminalística do Equador, Fausto Olivo, para terem sua veracidade comprovada: "Uma perícia foi feita nas fotografias, o que logicamente constitui uma restrição técnica. No entanto, podemos dizer que, através de métodos científicos, através da análise das peças de vestuário, estas são coincidentes com duas das pessoas raptadas. E através do estudo biométrico do rosto, isso nos dá uma alta probabilidade de coincidir com outro deles", afirmou Ortega em coletiva de imprensa na quinta-feira. O chefe de Criminalística ainda assegurou que as perícias vão continuar.
Segundo o El Comercio, o ministro do Interior equatoriano, César Navas, declarou ainda que o país tem preocupações crescentes sobre o crime organizado de tráfico de drogas na vizinha Colômbia: "Nosso país, sem dúvida, enfrenta novos desafios hoje relacionados ao crime organizado transnacional, que opera a partir do território colombiano e que pretende usar nosso território de fronteira para sustentar a economia do narcotráfico". O Equador fortaleceu a presença militar na fronteira e pediu a Bogotá a fazer o mesmo.
Em resposta ao recebimento das fotos pelas autoridades equatorianas, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, também se pronunciou no Twitter: "Falei com o presidente do Equador, Lenín Moreno, e reiterei que ele tem e terá todo o meu apoio, o de nossas Forças Armadas e o povo colombiano".
Exigências
A rede de TV colombiana Notícias RCN havia divulgado, no início do mês, dois vídeos de prova de vida mostrando os sequestrados abraçados e acorrentados pelo pescoço. Eles liam uma lista de exigência dos sequestradores, que pediam a libertação de seus três membros detidos no Equador e a anulação do convênio entre Equador e Colômbia para acabar com o terrorismo. A 'Frente Oliver Sinisterra' se recusou a aderir a um acordo de paz com o governo colombiano em 2016.