Escócia quer extensão de dois anos do período de transição do Brexit
Com pandemia do coronavírus, governo escocês acha 'imprudente' que as negociações continuem e que país deixe União Europeia no final do ano
Internacional|Da EFE, com R7
O governo escocês pediu nesta segunda-feira (20) ao Executivo britânico que solicite uma extensão de dois anos do período de transição do Brexit (saída do Reino Unido da UE), que termina em 31 de dezembro, devido à desaceleração nas negociações que a pandemia de coronavírus impôs.
O ministro das Relações Constitucionais da Escócia, Michael Russell, disse que seria "imprudente" o gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson prosseguir com os planos de abandonar permanentemente o bloco comum até o final do ano, dado que o país está passando "pelo ponto alto da crise de coronavírus".
"Em vez de sua decisão imprudente de buscar um Brexit difícil no meio dessa crise sem precedentes, o governo do Reino Unido deveria hoje pedir à União Européia (UE) a extensão máxima de dois anos para o período de transição", disse Russell em uma declaração.
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Depois de anunciar na semana passada que o Reino Unido e a União Europeia retomariam as negociações na segunda-feira (20) por videoconferências, o principal negociador britânico, David Frost, indicou que o país não solicitará uma extensão, uma vez que isso serviria apenas para "criar mais incerteza".
Depois que o Reino Unido deixou formalmente a União Europeia em 31 de janeiro, começou o período de transição, que, nos termos do acordo de retirada, pode ser prorrogado até dois anos se um pedido for feito antes de 30 de junho deste ano.
Russell exigiu ainda que fosse realizada uma reunião conjunta com os ministros das quatro nações que compõem o Reino Unido (Escócia, País de Gales, Inglaterra e Irlanda do Norte) para discutir a abordagem do Brexit e levar em conta as opiniões dos governos autônomos.
"As vozes das quatro nações do Reino Unido devem ser ouvidas e, portanto, solicito uma reunião urgente do Comitê Ministerial Conjunto, encarregado de supervisionar as negociações", afirmou.
62% dos escoceses votaram contra o Brexit, o que levou o executivo do nacionalista Nicola Sturgeon a pedir a Londres um novo referendo de independência em dezembro passado, mas a pandemia do novo coronavírus paralisou esses planos.
"A economia escocesa não pode permitir o duplo golpe do covid-19 e a crescente probabilidade de um não acordo ou, na melhor das hipóteses, um mau acordo do Brexit em menos de nove meses", argumentou Russell.
Uma porta-voz do governo britânico disse que o gabinete liderado por Johnson "continua totalmente comprometido com as negociações" e reiterou que o período de transição terminará como planejado "em 31 de dezembro de 2020", algo que "o primeiro-ministro deixou claro que não tem intenção de mudar".