Alberto Nunez Feijoo, líder do partido de oposição de direita espanhol, o Partido Popular (PP), durante comício em Corunha
Miguel Riopa / AFP - 21.07.2023A Espanha viveu neste sábado (22) uma jornada de reflexão antes das eleições gerais deste domingo (23), nas quais o bloco conservador, liderado pelo Partido Popular (PP), e o bloco progressista, com o Partido Socialista (PSOE) à frente, se enfrentarão para tentar somar apoios suficientes para formar o próximo governo.
Se não conseguirem sozinhos, e é o que sugerem as pesquisas, cada um dos dois partidos será obrigado a tentar chegar a uma maioria governista por meio de pactos com os respectivos extremos de seu espectro político: a legenda de extrema-direita Vox no caso do PP e a coligação de esquerda Sumar no do PSOE.
Os quatro principais candidatos — o atual presidente do governo, Pedro Sánchez (PSOE); o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo (PP); a segunda vice-presidente do Executivo, Yolanda Díaz (Sumar), e o líder da extrema-direita, Santiago Abascal (Vox) — passaram as últimas horas antes das eleições com a família, amigos ou praticando seus hobbies favoritos.
Suas contas nas redes sociais foram recheadas de fotos e vídeos em que são vistos conversando com amigos, andando de bicicleta ou caminhando e fazendo compras no centro de suas cidades.
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Na Espanha, durante a jornada de reflexão, não é permitido fazer campanha nem publicar pesquisas, embora as últimas sondagens apontem para uma vitória do PP, sem atingir a maioria absoluta, e para uma recuperação dos socialistas, sem ainda estar claro quem ficaria com a terceira posição.
A última palavra será dada amanhã pelos 37.469.142 espanhóis aptos a votar, dos quais 2,3 milhões residem no exterior.
Dos eleitores residentes na Espanha, 1.639.179 poderão participar pela primeira vez em eleições gerais depois de terem completado 18 anos desde a votação anterior, realizada em 10 de novembro de 2019.
As eleições gerais espanholas, nas quais os representantes do Congresso e do Senado são eleitos de forma direta, são realizadas a cada quatro anos, a menos que o chefe do Executivo ordene sua dissolução antecipada, como aconteceu nesta ocasião.
O fato de estas eleições coincidirem com as férias de verão dos espanhóis levou a que mais de 2,47 milhões de cidadãos optassem pelo voto por correspondência, segundo dados divulgados neste sábado pelos Correios.
Esta cifra representa 94,2% das solicitações para esta modalidade de sufrágio, o maior nível alcançado em eleições gerais em Espanha desde que existem registros estatísticos homologados (2008).
Para as eleições deste domingo, com 549 candidaturas proclamadas ao Congresso e 544 ao Senado, foram instaladas 210 mil urnas e 59 mil cabines, e distribuídos 85 milhões de envelopes nas seções eleitorais de todo o país.
O secretário de Estado de Comunicação de Espanha, Francesc Vallès, e a subsecretária do Interior, Isabel Goicoechea, garantiram neste sábado que está tudo pronto para que as eleições decorram "com total normalidade" e elogiaram o sistema eleitoral "robusto, seguro e bem desenhado".
Em coletiva de imprensa, os dois representantes do governo agradeceram ainda o trabalho desenvolvido pelos mais de 90 mil agentes do Estado que vão compor o dispositivo de segurança.
Amanhã, os colégios eleitorais abrirão às 9h (hora local, 4h de Brasília) e fecharão às 20h (15h).
Como ingrediente adicional, os resultados dessas eleições podem provocar uma mudança no governo que exercerá a presidência rotativa da União Europeia (UE), que a Espanha recebeu em 1º de julho e ocupará ao longo deste semestre, que promete ser decisivo no que diz respeito ao acordo comercial com o Mercosul.
A campanha fez com que parte do início da agenda europeia fosse modificada para não coincidir com a disputa eleitoral, enquanto permanece a incógnita sobre quem liderará o Conselho da UE após as eleições.