Espanhóis veem subnotificação de casos de pedofilia na Igreja Católica
Investigações na Alemanha, Bélgica, França e Irlanda mostram centenas de milhares de vítimas de abuso infantil desde 1950
Internacional|Do R7
Ativistas espanhóis querem que seja aberta uma investigação independente contra a Igreja Católica do país para apurar uma série denúncias de abuso sexual de religiosos contra crianças desde o século passado. Especialistas acreditam que as apurações feitas pela igreja da Espanha sejam inferiores à realidade.
De acordo com a Euronews, o porta-voz da Igreja Católica na Espanha, Luiz Arguello, afirmou que a instituição não tem a intenção de fazer uma investigação externa sobre relatos de abusos sexuais. Segundo o representante, eles não seriam “proativos” na apuração de denúncias.
São poucos os casos. Por que o foco está apenas na Igreja Católica?”, declarou Arguello, enquanto a instituição é alvo de investigações em outras partes da Europa, como Alemanha, Bélgica, França e Irlanda.
Juan Cautrecosas, presidente da Associação para a Infância Roubada (Anir, na sigla em espanhol) e pai de um menino abusado em uma escola católica, destaca que a Igreja da Espanha reporta apenas 220 casos de abuso em investigação, embora este número seja infinitamente menor do que a realidade.
“Eles manipulam as estatísticas na Espanha recorrendo apenas à fundação Anar [organização que ajuda crianças em risco]. Mas muitas vítimas não relataram seus abusos à Anar por mais que esta fundação seja incrível. Na Espanha, os números são semelhantes aos da França, se não superiores.”
O relatório Suavé, citado por Cautrecosas, afirma que, pelo menos, 216 mil crianças foram abusadas por pessoas ligadas à Igreja Católica desde 1950. Números podem chegar até 330 mil jovens.
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Ainda segundo a reportagem da Euronews, famílias que denunciaram casos de abuso na Espanha precisaram deixar suas casas após serem alvos de ameaças.
Vítimas que procuraram a Igreja Católica, inclusive, foram desencorajadas a dar prosseguimento nas denúncias por pessoas do alto escalão da instituição na Espanha.
A Euronews procurou representantes da Igreja Católica para comentar as denúncias divulgadas pela matéria, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.