Estudante é ferido nos dois olhos e quase perde a visão em ato no Chile

Médicos denunciam trauma ocular grave após jovem de 21 anos ser gravemente ferido por balas de ar comprimido

10/11/2019 - 16h24 (Atualizado em 21/02/2024 - 23h10)

Um estudante chileno foi gravemente ferido por balas de ar comprimido nos dois olhos durante protestos no Chile e ficou quase completamente cego, no caso mais grave até agora de trauma ocular cometido pela polícia durante as manifestações que abalam o país há três semanas.

Organizações de direitos humanos e sindicatos de médicos têm feito alertas insistentes sobre o abuso policial no controle das manifestações, que deixou pelo menos 20 pessoas mortas e centenas de feridos.

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O jovem de 21 anos foi internado no departamento de emergência da Clínica Santa María em Santiago na sexta-feira com ferimentos nos dois olhos "que causaram grave trauma ocular bilateral e visão nula desde a primeira avaliação", disse um comunicado do centro médico.

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O estudante foi operado por oftalmologistas que "verificaram as lesões graves em ambos os olhos, com perda de visão no olho esquerdo e aguardando a evolução do olho direito", afirmou o texto.

Até o momento, a clínica não se pronunciou sobre o caso.

Nesta sexta-feira (25), o Chile assiste a uma das maiores manifestações populares de sua história, com mais de 1 milhão de pessoas tomando o centro de Santiago para protestar contra o governo. Mas os chilenos não estão sozinhos em sua revolta. Em todo o mundo, as pessoas se reuniram para reclamar, em geral contra graves problemas econômicos, corrupção ou os dois ao mesmo tempo

Os protestos do Chile, que já duram uma semana, foram reprimidos com muita violência pelas forças de segurança do país. Até esta sexta-feira (25), pelo menos 19 pessoas já tinham morrido, além de 500 feridos e cerca de 2.500 pessoas. O movimento começou depois que o governo anunciou um reajuste no preço do metrô de Santiago, mas expôs muitos outros problemas que existem na sociedade e na economia do país

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Só esse ano, o país já teve três primeiros-ministros: Jean Henry Ceant foi deposto pelos deputados. Jean-Michel Lapin assumiu o cargo em abril, mas renunciou à posição em julho. Desde então, Fritz William Michel é o premiê

No Equador, os protestos aconteceram nas duas primeiras semanas do mês, depois que o presidente Lenín Moreno anunciou o corte de um subsídio que ajudava a baratear os preços dos combustíveis. O país parou por mais de dez dias, pelo menos oito pessoas morreram nos confrontos com a polícia, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas e 1.192 foram presas. Após negociar com lideranças indígenas, Moreno voltou atrás e derrubou seu decreto, mas ainda restam muitos problemas a enfrentar

No dia 11, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, conquistou o prêmio Nobel da Paz, por controlar conflitos étnicos na fronteira de seu país com a Eritreia. Nesta semana, manifestantes queimaram o livro de Abiy em apoio ao líder opositor Jawar Mohammed, que tem grande apoio na etnia Oromo, a maior do país. Curiosamente, o apoio de Mohammed, dono de vários meios de comunicação, foi essencial para Abiy chegar ao poder há um ano e meio

Em outro país africano, a Guiné, a população foi para as ruas na semana passada, para protestar contra o presidente Alpha Condé, que tenta se manter no poder para um terceiro mandato. A repressão, segundo um movimento opositor, deixou pelo menos 8 mortos e outras 70 pessoas com ferimentos à bala

Os protestos no Líbano explodiram depois que o governo decidiu criar um imposto sobre ligações telefônicas via Whatsapp. Milhares de pessoas protestaram em Beirute e outras cidades, em manifestações que renderam cenas curiosas, como uma noiva no meio da passeata e homens cantando a música 'Baby Shark' para acalmar uma criança que chorava dentro de um carro. A péssima situação econômica do Líbano ainda deve causar muitos problemas

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As tensões entre os separatistas da Catalunha e o governo espanhol geraram dias de protesto na região de Barcelona. Depois que a Justiça da Espanha condenou os idealizadores do plebiscito que propunha a separação da Catalunha a 13 anos de prisão, os manifestantes tomaram conta das ruas, invadiram o aeroporto de Barcelona e outros pontos importantes da cidade, entrando em confronto com a polícia em diversos momentos. Pelo menos 600 pessoas ficaram feridas

Já em Hong Kong, os protestos começaram em junho, depois que uma lei que facilitava a extradição de criminosos para a China continental foi colocada em pauta pelo parlamento. Nesta semana, o governo da ilha voltou atrás e desistiu dessa lei, cumprindo a primeira das cinco principais reivindicações dos manifestantes. Resta ver se as outras exigências, que incluem uma investigação sobre a violência policial, anistia para os presos e eleições livres para o chefe do Executivo local, serão atendidas

Nesta sexta-feira (25), o Chile assiste a uma das maiores manifestações populares de sua história, com mais de 1 milhão de pessoas tomando o centro de Santiago para protestar contra o governo. Mas os chilenos não estão sozinhos em sua revolta. Em todo o mundo, as pessoas se reuniram para reclamar, em geral contra graves problemas econômicos, corrupção ou os dois ao mesmo tempo