Estupros de rohingyas em Mianmar são 'metódicos', diz estudo
Famílias são queimadas vivas e mulheres, estupradas pelo Exército, que nega
Internacional|Da Ansa

O Exército do Myanmar utiliza ações "radicais" e "metódicas" para violentar as mulheres rohingyas, a minoria muçulmana perseguida no país.
É o que revela um estudo feito pela agência "Associated Press" com 29 mulheres muçulmanas. As entrevistadas estão na faixa dos 13 aos 35 anos e são de várias aldeias do país.
Agora, vivem refugiadas em Bangladesh. Os ataques militares, classificados pela Organização das Nações Unidas como uma "limpeza étnica", são constantes no local.
Em um dos relatos, uma menina de apenas 13 anos conta seu medo dos militares desde cedo, pois seu pai foi esfaqueado até a morte por eles. Ela ainda narra um episódio em que 10 soldados invadiram sua casa e a prenderam em uma árvore.
Em seguida, todos abusaram sexualmente dela. Em outra descrição, uma jovem fala como foi estuprada dentro de sua própria casa, ao lado de seu marido. Depois do abuso, eles a levaram para o lado de fora da casa, ateando fogo em seu corpo.
Um mês depois, ela descobriu que estava grávida. Apesar de histórias com conteúdo similares, os relatos foram coletados separadamente. O Exército nega qualquer tipo de violação para com as mulheres rohingya. Desde agosto, a fuga da minoria muçulmana tomou proporções gigantescas, com mais de 600 mil pessoas deixando Myanmar em busca de segurança no vizinho Bangladesh.
As perseguições aumentaram após um grupo de defesa criado por rohingyas atacar postos policiais, em um combate que deixou 70 mortos - incluindo os agentes locais.
Recentemente, o papa Francisco visitou os dois países e pediu uma resolução pacífica para o caso e o respeito às diferentes religiões que habitam a área. Myanmar é um país de ampla maioria muçulmana, imposta durante o regime militar encerrado em 2015, e tem como líder de governo a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, duramente criticada internacionalmente por não defender a minoria.
Mais de 600 mil Rohingyas fugiram da violência extrema e perseguição em Mianmar, cruzando a fronteira para Bangladesh, desde 25 de agosto. Rohingyas formam uma etnia muçulmana não reconhecida em Mianmar, apesar de viver lá. O total dessa população em ...
Mais de 600 mil Rohingyas fugiram da violência extrema e perseguição em Mianmar, cruzando a fronteira para Bangladesh, desde 25 de agosto. Rohingyas formam uma etnia muçulmana não reconhecida em Mianmar, apesar de viver lá. O total dessa população em Bangladesh chega a quase 1 milhão de refugiados. "Passaram por estupros e assassinatos da família em Mianmar. São pessoas que têm sido massacradas a tempos e o país não as reconhece, então, não têm cidadania. Agora, estão em uma situação muito precária e sujeitas a epidemias no acampamento de refugiados", relata Ana Lemos, diretora de comunicação da organização Médicos sem Fronteiras (MSF) no Brasil. As vítimas que chegam a Bangladesh revelam horrores aos profissionais dos MSF. Elas vêm de vilarejos incendiados e chegam com ferimentos de bala e machados, queimaduras graves provocadas por explosivos. A mulheres ainda revelam histórias horríveis de violência sexual e massacre de bebês











