EUA: Democrata denuncia abusos contra menores em fronteira
Representante da Câmara, Ted Deutch apresentou mais de 4.500 relatos de abusos sexuais contra jovens desacompanhados, entre 2014 e 2018
Internacional|Da EFE
O representante democrata da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Ted Deutch, denunciou nesta terça-feira (26) milhares de abusos sexuais a menores desacompanhados na fronteira com o México supostamente cometidos por funcionários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS).
Durante uma audiência realizada no Comitê de Justiça da Câmara, Deutch apresentou vários relatórios detalhando que esse departamento recebeu mais de 4.500 denúncias de abusos sexuais contra menores desacompanhados entre 2014 e 2018. Além disso, 1.303 denúncias do tipo foram enviadas ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos no mesmo período.
"Estes documentos do HHS apresentam uma quantidade alarmante de agressões sexuais contra crianças não acompanhadas sob a sua custódia", apontou Deutch, que representa o distrito 22 da Flórida.
Para ele, esses dados mostram um ambiente "inseguro" criado por funcionários para menores que entraram sem no país sem responsáveis legais.
"O número de denúncias traduz uma agressão sexual por semana durante os últimos três anos. Claramente o governo não está preparado para manter essas crianças em segurança", acrescentou o legislador democrata.
De acordo com o jornal "Axios", alguns casos levados ao Departamento de Justiça incluíam denúncias sobre pessoas acusadas de ter relações com menores, contato sexual não desejado e a exibição de vídeos pornográficos para crianças e adolescentes.
Esta denúncia coincide com o fato de três importantes membros do governo terem sido convocados a se apresentar no Congresso por causa da política de "tolerância zero" implementada no ano passado e que provocou a separação de milhares famílias na fronteira com o México.
O Comitê de Supervisão da Câmara de Representantes dos Estados Unidos convocou hoje para depor o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr; a secretária do Departamento de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen; e o secretário do Departamento de Saúde, Alex Azar.
Mais de 2.600 menores foram separados dos pais no ano passado por conta da política de "tolerância zero" do governo, que exigia que todos os imigrantes adultos detidos depois de tentar atravessar a fronteira sul do país fossem processados. A política promovida pelo então procurador-geral, Jeff Sessions, criou muito mal-estar na sociedade americana e fez com que Trump cancelasse a medida três meses depois do início da aplicação.