EUA: Depoimentos sobre reunião de Trump Jr. com russos são publicados
Comitê de Justiça do Senado trouxe a público depoimentos de cinco dos oito participantes de encontro na Trump Tower durante campanha de 2016
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais
O Comitê de Justiça do Senado dos EUA divulgou, nesta quarta-feira (16), os conteúdos de depoimentos feitos em sigilo sobre a reunião de Donald Trump Jr., filho do presidente norte-americano Donald Trump, com uma comitiva de russos durante a campanha eleitoral de 2016. O encontro é a peça-chave na investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial que levou Trump à Casa Branca.
Os documentos divulgados nesta quarta mostram que o objetivo da campanha de Trump era obter fatos contra sua concorrente na eleição, a democrata Hillary Clinton, mas que todos os participantes saíram insatisfeitos da sala de reunião na sede das empresas Trump, em Nova York.
Participantes da reunião
Os documentos divulgados contêm os depoimentos de cinco das oito pessoas que participaram da reunião: Donald Trump Jr, o britânico Rob Goldstone — que procurou Trump para marcar a reunião — e mais três cidadãos russos.
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A advogada russa Natalia Veselnitskaya, que deveria ter levado a 'bomba' contra Hillary Clinton, enviou um relato por escrito para o comitê do Senado, assim como Jared Kushner, genro de Trump, e Paul Manafort, que era o coordenador da campanha na época.
Em seu depoimento, Trump Jr disse que não chegou a comentar com o pai sobre a reunião, porque preferia checar as informações antes. Um e-mail para Goldstone dizia que o filho do então candidato estava 'ansioso' para saber do que se tratava.
Pedido de amigo
Goldstone, que trabalha como assessor de imprensa de músicos, contou aos senadores que marcou a reunião a pedido de um de seus clientes, o cantor russo Emin Agalarov, filho do milionário Aras Agalarov.
Aras Agalarov tem laços com o Kremlin e foi quem comprou de Trump os direitos para realizar o concurso Miss Universo em Moscou em 2012. O evento foi a porta de entrada do norte-americano na Rússia. Também foi por meio de Agalarov que Trump conheceu o presidente russo, Vladimir Putin.
O britânico Goldstone disse em seu depoimento que não tinha certeza do que estava fazendo e que a reunião seria "pura perda de tempo". O britânico citou sua falta de experiência com política e disse que procurou o filho de Trump para evitar 'desperdiçar o tempo' do bilionário. "Escolhi o mal menor", afirmou.
"Eu achava que era uma ideia ruim e que não deveríamos fazê-la. Disse que minha razão para isso é que sou assessor de músicos. Não sei nada de política. E disse a ele 'nem você e nem seu pai sabem'", contou Goldstone.
A resposta de Trump Jr. foi apenas: "Só quero que você marque a reunião."
Sem 'bomba'
Outro participante russo da reunião, Ike Kaveladze, que também representava Agalarov na reunião, contou ao comitê do Senado que tinha sido avisado que Natalya Veselnitskaya teria informações comprometedoras contra Hillary Clinton.
No entanto, quando a reunião começou, a apresentação feita pela advogada russa falava apenas de sanções comerciais do governo norte-americano contra a Rússia, que estavam em vigor na época.
Segundo os depoimentos, Jared Kushner ficou impaciente com o que a russa apresentou. Kaveladze disse que ligou para Emin Agalarov e contou que o encontro foi uma "completa perda de tempo".