EUA discriminam pessoas de origem iraniana na fronteira, denuncia HRW
A ONG afirma que durante os dias 4 e 5 de janeiro, as autoridades de fronteira dos EUA retiveram dezenas de viajantes de ascendência iraniana
Internacional|Da EFE
A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta terça-feira (7) que autoridades dos Estados Unidos estão discriminando pessoas de origem iraniana, na fronteira. O caso ocorreu após a morte do general Qasem Soleimani.
"Durante os dias 4 e 5 de janeiro de 2020, as autoridades de fronteira dos EUA retiveram dezenas de viajantes de ascendência iraniana por até 10 horas para expô-los a uma inspeção adicional no posto de fronteira de Blaine, em Washington, segundo o Conselho de Relações Americano-Árabes e alguns meios", informou a organização em comunicado.
De acordo com a HRW, diversos cidadãos americanos foram escolhidos para uma inspeção secundária apenas por causa das raízes iranianas.
"A política das forças da ordem federais não permite que os agentes levem em conta fatores como a origem nacional ao criar uma rotina ou ao tomar decisões espontâneas, como parar um veículo", explicou Clara Long, da HRW, uma das investigadoras da organização.
Long comentou que existe "uma brecha" que permite que os guardas de fronteira "considerem fatores, como a nacionalidade de origem, para este tipo de decisões, mesmo em relação aos cidadãos americanos".
Essas retenções supostamente arbitrárias vêm depois que o Departamento de Segurança Nacional atualizou o Sistema Nacional de Alerta Terrorista, em 4 de janeiro, para alertar sobre o risco crescente de "extremismo violento gerado em casa", uma referência ao aumento da tensão entre EUA e Irã.
Nos últimos dias, a tensão entre Washington e Teerã cresceu pela morte do general Soleimani em uma operação americana realizada em Bagdá.
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Um dos casos de cidadãos americanos de origem iraniana retidos pelas autoridades de fronteira americanas é o de Negah Hekmati, que denunciou ter sido bloqueada na segunda-feira (6), na fronteira do país com o Canadá, juntamente com o marido, também de origem iraniana, e os filhos. Embora os quatro estivessem com documentos que provam a cidadania americana, foram interceptados pelas autoridades da fronteira.
Hekmati disse que tanto ela, designer de interiores, como o marido, engenheiro da Microsoft, foram submetidos a um segundo interrogatório e mantidos com os dois filhos por cinco horas nas instalações da fronteira no estado de Washington, no noroeste do país.