EUA mudam regras para restringir vistos de turista para grávidas
Governo de Donald Trump quer acabar com o que chama de 'turismo de nascimento'; pessoas nascidas no país têm direito automático à cidadania
Internacional|Da EFE
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (23) que não concederá vistos a mulheres estrangeiras grávidas, uma medida que visa acabar com o que a Casa Branca chama de "turismo do nascimento" devido à legislação que garante cidadania americana às crianças que nascem no território do país.
"Isso é necessário para fortalecer a segurança pública, a segurança nacional e a integridade do nosso sistema de imigração", afirmou o Departamento de Imprensa em comunicado.
Contra a cidadania automática
As mudanças nas regras afetam os vistos de turista nas categorias B1 e B2. Segundo a Constituição dos EUA, todos os bebês nascidos no país têm automaticamente direito à cidadania, ainda que seus pais não sejam americanos.
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Aos 21 anos de idade, essas pessoas têm o direito de pedir visto de residência permanente para seus pais, o que os críticos do sistema chamam de "imigração em cadeia".
"A indústria do turismo do parto ameaça sobrecarregar os valiosos recursos da saúde e representam uma atividade criminal em si", afirmou o governo norte-americano no comunicado em que anunciou a medida.
Para a Casa Branca, as novas regras para turistas grávidas combatem um abuso contra o sistema migratório e protegem o país dos "riscos de segurança" criados pela prática.
A restrição, segundo a nota, "defenderá os contribuintes para que os dólares que ganharam com seu esforço não sejam usados para financiar os custos diretos e associados do 'turismo de parto'".
Defesa sem dados
O governo dos EUA não forneceu número de quantos bebês teriam sido beneficiados com a cidadania americana desta forma e nem explicou como esse "turismo" ameaça a segurança do país.
Durante o ano fiscal de 2018, os EUA concederam 5,7 milhões de vistos B1 e B2. O Centro de Estudos de Imigração (CIS, na sigla em inglês) calcula que haja 20 mil partos anuais de mulheres que chegaram ao país com vistos de turista e logo depois foram embora.
O Departamento de Segurança Nacional afirma que os EUA recebem 1,1 milhão de imigrantes a cada ano. Do total, 79% dessa imigração corresponde a movimentos de reunificação familiar.
A chamada "imigração em cadeia", segundo o órgão, tem sido a principal fonte de entrada de pessoas de baixa capacitação nos EUA, o que teria provocado queda nos salários e nas oportunidades de emprego para os trabalhadores americanos com o mesmo nível de qualificação.