EUA propõem formalmente reinício de negociações com Irã
Washington fez reunião com representantes europeus e pediu que governo iraniano respeitasse limites de acordo nuclear
Internacional|Da EFE, com AFP
O governo dos Estados Unidos ofereceu-se formalmente nesta quinta-feira para reiniciar as negociações com o Irã, em uma tentativa de volta ao acordo nuclear com Teerã, do qual o ex-presidente Donald Trump retirou o país em 2018.
"Os EUA aceitariam um convite do alto representante da União Europeia para participar da reunião do grupo 5+1 e do Irã para discutir a via diplomática do programa nuclear", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em um comunicado enviado à Agência Efe.
A emissora de televisão CNN e o jornal The New York Times haviam antecipado que Washington havia se oferecido formalmente para reiniciar as conversações.
Ainda hoje, o Secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu por videoconferência com três ministros das Relações Exteriores europeus, Jean-Yves Le Drian (França), Dominic Raab (Reino Unido) e Heiko Maas (Alemanha), aos quais disse que o acordo nuclear de 2015 "foi uma conquista fundamental da diplomacia multilateral".
Durante a reunião, os quatro pediram para a república islâmica respeitar seus compromissos sobre o enriquecimento de urânio e que não limitasse as inspeções internacionais de suas instalações atômicas.
Eles também alertaram o Irã que a redução da colaboração com os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) seria "perigosa" e pediram para o país levar em conta o impacto de uma medida tão séria.
Além dos EUA e do Irã, o acordo de 2015 foi assinado por União Europeia, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha. Após a retirada de Washington desse pacto, em 2018, e a reimposição pelo governo de Trump de todas as sanções econômicas a Teerã, o acordo foi enfraquecido.
Um ano depois, o Irã começou a reduzir gradualmente seus compromissos e recentemente, em uma clara violação dos limites do acerto, começou a enriquecer urânio até uma pureza de 20% e a produzir urânio metálico.
A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, em 20 de janeiro, deu esperança de uma redução das tensões. Isso porque ele expressou durante a sua campanha eleitoral o desejo de reintegrar os EUA ao acordo, desde que o Irã cumprisse suas obrigações.
Em 7 de fevereiro, Biden afirmou em uma entrevista que não suspenderia as punições os iranianos enquanto eles não parassem de enriquecer o urânio.
No mesmo dia, o Líder Supremo iraniano, Ali Khamenei, avisou que Teerã voltará ao acordo com as potências ocidentais quando as sanções forem derrubadas.
Irã pede que EUA retire sanções
O governo do Irã pediu novamente aos Estados Unidos nesta sexta-feira (19) a retirada de todas as sanções impostas pelo ex-presidente Donald Trump.
Teerã "anulará imediatamente" suas medidas de represália se Washington "retirar sem condições todas as sanções impostas, reimpostas ou rebatizadas por Trump", tuitou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif.