Europa aposta em toques de recolher para conter covid-19
Bélgica, segundo país mais afetado na Europa, decreta novas regras; Itália estende restrições para outras regiões e França anuncia toque de recolher
Internacional|Do R7, com EFE
Um número crescente de países europeus está aderindo à fórmula do toque de recolher para tentar controlar o avanço do coronavírus pelo continente: pelo menos 46 milhões de franceses estarão sob a medida a partir da meia-noite, a Itália estendeu a restrição até a capital e a Bélgica, um dos epicentros da pandemia, caminha para um novo confinamento generalizado.
Bélgica
Uma semana depois de impor um toque de recolher noturno e fechar restaurantes em todo o país, a Bélgica anunciou novas restrições para conter a disseminação do covid-19 nos esportes, cultura e entretenimento nesta sexta-feira (23).
No esporte profissional, nenhum público será permitido, medida que entra em vigor a partir desta noite. As aulas do ensino fundamental e médio continuarão a ser presenciais, mas as universidades e escolas superiores só poderão acomodar 20% dos alunos em aulas presenciais e com máscara.
A capacidade em eventos religiosos, culturais e educacionais será limitada a 40 pessoas, podendo chegar a 200 pessoas no caso da cultura, com protocolos rígidos. Além disso, os parques de diversão estão fechados, embora os zoológicos ainda estejam abertos, mas não os aquários.
A Bélgica é o segundo país da União Europeia com o maior número de casos, atrás apenas da República Tcheca, e registra uma média de mil casos em 14 dias em 100 mil habitantes, com Liège e Bruxelas como os principais núcleos contágio, embora os progressos pareçam abrandar na capital.
França
O governo francês estimou que o toque de recolher noturno, que entra em vigor nesta meia-noite, afetará 54 regiões do país e um total de 46 milhões de habitantes terá um custo global de cerca de 2 bilhões de euros.
A França registrou um recorde de infecções nas últimas 24 horas, com 41.622 positivos para covid-19, além de 165 mortes.
Itália
A habitualmente movimentada Milão, estava completamente deserta às 23h devido ao toque de recolher aplicado na quinta-feira à noite em toda a região da Lombardia. As regiões da Campânia e do Lácio, onde estão localizadas Nápoles e Roma, também decretarão toques de recolher.
Em Milão, será reativado um hospital devido o aumento de casos, que pode saturar a rede de saúde da cidade.
A Itália registou 16.079 novos casos em 24 horas e 136 mortes. Na terapia intensiva, existem 992 pacientes.
Rússia
A Rússia registrou 17.340 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde de infecções diárias desde o início da pandemia, informaram as autoridades de saúde do país hoje. Além disso, no último dia ocorreram 283 mortes, elevando o número de mortes por esta doença para 25.525.
As autoridades russas descartaram por enquanto a imposição de medidas drásticas, como toque de recolher ou confinamento, que já são aplicadas em vários países europeus.
Com 1,48 milhão de casos, a Rússia é hoje o quarto país do mundo, atrás dos Estados Unidos, Índia e Brasil, em número de positivos para o coronavírus.
República Tcheca
A República Tcheca voltou a ultrapassar nesta sexta-feira 14 mil infecções pelo coronavírus nas últimas 24 horas, após o recorde de quase 15 mil no dia anterior, informou hoje o Ministério da Saúde.
Nem o fechamento de escolas ou bares, restaurantes e casas de espetáculo, nem outras restrições impostas parecem estar surtindo efeito neste momento, reconheceu o próprio governo.
Com uma taxa acumulada de infecções de 1.066 por 100 mil habitantes, o país da Europa Central lidera o ranking da UE, à frente da Bélgica, com 933. O número de infecções ativas já ultrapassa 130 mil, das quais mais de 4,4 mil estão hospitalizadas, quatro vezes mais do que três semanas atrás.
Na quinta-feira entrou em vigor uma nova restrição de deslocamento que, segundo o governo, não é um reclusão, e na qual só é permitido sair de casa para trabalhar, ir ao médico, fazer compras e passear no campo.
Também foram proibidas reuniões de mais de duas pessoas na rua, enquanto todas as lojas, exceto alimentos e farmácias, estarão fechadas até 3 de novembro.
Reino Unido
A partir desta sexta-feira (23), quase seis milhões de britânicos terão que viver sob estritas medidas restritivas para conter a disseminação do covid-19, conforme as regras entrarem em vigor no País de Gales e em áreas do norte da Inglaterra.
A área metropolitana de Manchester, onde vivem 2,8 milhões de pessoas, passou esta manhã no nível de risco mais alto, como já estão Liverpool e Lancashire, no norte da Inglaterra. O País de Gales, com 3,1 milhões de habitantes, começará um lockdown de 17 dias a partir do final da tarde de hoje.
O Reino Unido registrou 21.242 novas infecções por coronavírus e outras 189 mortes na quinta-feira.
Alemanha
A Alemanha registrou 11.242 novas infecções por coronavírus nas últimas 24 horas, semelhante ao novo máximo de 11.287 registrado ontem, e assim ultrapassa os 400 mil positivos desde o início da pandemia, segundo dados do Instituto de Virologia Robert Koch atualizados na última meia-noite.
O número de novas infecções supera significativamente os 7.734 casos registrados na sexta-feira da semana passada. O total de positivos desde o anúncio do primeiro contágio no país, no final de janeiro, é de 403.291, com 9.954 mortes.
O governo alemão defendeu na sexta-feira a contenção da disseminação do coronavírus com medidas "regionais e locais", em vez de impor restrições nacionais à vida pública e à atividade econômica.
Polônia
As autoridades polacas anunciaram nesta sexta-feira um novo recorde de novas infecções por coronavírus, um total de 13.632. O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, disse que todo o país foi declarado como "zona vermelha".
Nas últimas vinte e quatro horas, 153 pessoas morreram, atingindo um total de 228.318 infecções e 4.172 mortes desde o início da pandemia.
Morawiecki alertou que o número de novos casos se aproxima de 15 mil por dia, limite que o governo já indicou que poderá ser atingido na próxima semana, e anunciou que novas medidas de restrição da vida pública serão aplicadas a partir de sábado.
Entre elas, não serão permitidas reuniões de mais de cinco pessoas se não coexistirem, salvo se se reunirem por "motivos profissionais", e que os menores só possam sair de casa acompanhados por adultos entre as 8h às 16h.
Portugal
A Assembleia da República vota hoje a obrigatoriedade do uso de máscara na rua, que será regulamentada por lei durante os próximos três meses, enquanto os positivos disparam em todo o país.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 3.270 novas infecções, um recorde no país.
O uso de máscara na rua, recomendado apenas por enquanto, será imposto, caso a lei seja aprovada, a todas as pessoas com mais de dez anos.
Nas últimas horas, Portugal, que se encontra numa fase de calamidade, proibiu a circulação entre regiões da meia-noite do dia 30 de outubro até às 23h59 do dia 3 de novembro.