Ex-advogado de Trump declara culpa em 8 crimes durante campanha
Michael Cohen, ex-advogado do presidente, pagou para calar mulheres que alegavam ter tido casos com Trump, com recursos da campanha de 2016
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Em uma audiência na Justiça Federal de Nova York na tarde desta terça-feira (21), o ex-advogado pessoal do presidente dos EUA, Donald Trump, Michael Cohen, confessou que cometeu crimes eleitorais a mando de um então 'candidato a cargo federal' na campanha de 2016.
Cohen compareceu diante do juiz William Pauley para se declarar culpado de oito acusações. Cinco eram de sonegações fiscais e uma de ter mentido para obter um empréstimo, mas as duas mais graves foram de que ele agiu "para influenciar" a eleição de 2016, vencida por Trump.
Ação coordenada
No acordo assinado por Cohen, ele afirma que agiu "de maneira coordenada e sob orientações de um candidato a cargo federal" para esconder do público informações que poderiam influenciar no resultado da eleição.
Os atos seriam pagamentos feitos, com recursos da campanha e poucos dias antes da eleição, para conseguir acordos de sigilo com a atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal. Ambas alegam terem tido casos com o presidente Trump no passado.
Em entrevista coletiva, o promotor-adjunto de Nova York Robert Khuzami explicou que Cohen apresentou notas falsas, com serviços que ele teria prestado às empresas de Trump, para receber reembolso de 130 mil dólares (cerca de R$ 500 mil) e 150 mil dólares (cerca de R$ 600 mil), valores pagos a Daniels e McDougal, respectivamente.
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O pagamento a Stormy Daniels foi feito diretamente à atriz. No caso de McDougal, a campanha transferiu os recursos para uma empresa de mídia que comprou da ex-modelo os direitos de publicar a história de seu caso com Trump.
Os valores ultrapassam o limite de doação de empresas para comitês de campanha, estabelecido pelas leis eleitorais norte-americanas. Cohen era advogado pessoal e considerado 'braço direito' de Donald Trump.
Com a confissão, Cohen evita um longo julgamento e receberá sua sentença em 12 de dezembro. Ele pode pegar até 5 anos de prisão.
Segundo Khuzami, o ex-advogado do presidente ocultou um total de US$ 4,3 milhões (R$ 17 milhões) em rendimentos durante cinco anos. Com isso, sonegou cerca de US$ 1,5 milhão (R$ 6 milhões) em impostos. Ele também ocultou dívidas milionárias para obter um empréstimo.
O advogado de Cohen, Lanny Davis, se manifestou no Twitter após a confissão. Ele disse que seu cliente "deu esse passo hoje para que sua família possa seguir para o próximo capítulo. Michael está cumprindo a promessa que fez em 2 de julho, de colocar sua família e seu país em primeiro lugar e contar a verdade sobre Donald Trump".
Em seguida, escreveu "hoje ele se levantou e testemunhou, sob juramento, que Donald Trump o orientou a cometer um crime, pagar duas mulheres, com o propósito principal de influenciar uma eleição. Se esses pagamentos foram um crime da parte de Michael Cohen, por que não seriam um crime da parte de Donald Trump?"
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A confissão de Cohen aconteceu instantes depois que Paul Manafort, coordenador da campanha de Trump em 2016, foi considerado culpado de oito crimes, em outro julgamento.