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Ex-chefe nuclear da ONU diz que armas químicas estão longe de chegar ao fim

Agência da ONU para a eliminação dessas armas recebeu hoje o Prêmio Nobel da Paz

Internacional|Wellington Calasans, especial para o R7, em Estocolmo

Blix criticou potências que mantêm projetos nucleares
Blix criticou potências que mantêm projetos nucleares

A Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) recebeu nesta sexta-feira (11) o Prêmio Nobel da Paz, por seus esforços na eliminação desse tipo de arsenal militar. Apesar do reconhecimento, o ex-chefe da agência nuclear da ONU, o sueco Hans Blix, disse hoje ao R7 que essas armas estão longe de chegar ao fim.

— Muitos progressos vêm sendo feitos ao redor do mundo [para eliminar as armas químicas], não apenas na Rússia e nos EUA. Mas ainda falta muito. Agora na Síria.

A Opaq está atualmente em missão na Síria, onde tenta acabar com o arsenal de armas químicas do regime de Bashar al Assad em meio à guerra civil, que assola o país há mais de dois anos.

A agência vinculada à ONU vigia o cumprimento da CAQ (Convenção de Armas Químicas), um tratado multilateral assinado em 1993 e em vigor desde 1997. O texto proíbe o desenvolvimento, produção, armazenamento e uso das armas químicas, além de prever a destruição total das armas.


Nobel da Paz em 2009, Obama teve a guerra como aliada nos últimos quatro anos

A organização tem 189 países membros, que representam 98% da população mundial. Quatro países — Coreia do Norte, Angola, Egito, Sudão do Sul — não assinaram nem ratificaram a Convenção. Israel e Mianmar assinaram em 1993, mas não ratificaram o texto.


Blix não comentou a premiação, mas disse esperar que Israel e Egito se juntem à convenção, para que “as armas de destruição em massa sejam completamente banidas e eliminadas”.

Blix foi diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), entre 1981 e 1997, e chefe dos inspetores da ONU que verificaram — e não encontraram — armas de destruição em massa no Iraque entre 2002 e 2003, antes de o país ser invadido pelos Estados Unidos.


O sueco criticou ainda os países que, por um lado, criticam a Síria por usar armas químicas, mas, por outro, possuem suas próprias armas nucleares.

— Enquanto países nuclearizados julgam ilegal o uso de armas químicas na Síria, a maioria deles não mostra disposição em assumir um acordo para não usar as armas nucleares. O que nós precisamos hoje, acima de tudo, é que EUA, China e mais seis países ratifiquem o fim dos testes nucleares.

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