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Ex-embaixadora na Ucrânia diz que Trump fez pressão por sua saída

Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, disse que o presidente norte-americano fez pressão pessoalmente para tirá-la do cargo

Internacional|Da EFE

Marie Yovanovich (centro) chega ao Congresso para depor
Marie Yovanovich (centro) chega ao Congresso para depor

A diplomata Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, disse nesta sexta-feira (11), durante audiência no Congresso, que o presidente americano, Donald Trump, fez pessoalmente pressão para que ela fosse tirada do cargo.

Yovanovitch depôs em uma audiência conjunta de três comitês da Câmara de Representantes, que investigam a possibilidade de abrir um processo de impeachment contra Trump devido às pressões feitas por ele sobre a Ucrânia para abrir um inquérito no país contra o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho, Hunter, por corrupção.

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A imprensa americana havia noticiado que Trump ordenou a saída de Yovanovitch do cargo após meses de queixas de colaboradores externos ao governo, como seu advogado pessoal, Rudy Giuliani.


A demissão

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A ex-embaixadora confirmou o conteúdo das matérias e disse que foi demitida pelo então subsecretário de Estado, John Sullivan, que a notificou sobre a decisão do órgão.


"Depois de o Departamento de Estado ter me pedido no princípio de março para estender meu período de serviço até 2020, me disseram de forma abrupta no fim de abril que retornasse a Washington no 'próximo avião'", disse a diplomata, segundo o jornal The Washington Post, que conseguiu uma cópia da declaração.

"Ele me disse que o presidente tinha perdido a confiança em mim e que não queria que eu servisse por mais tempo como embaixadora. Acrescentou que houve uma campanha coordenada contra mim e que o departamento estava sendo pressionado pelo presidente para me tirar desde o verão de 2018", continuou Yovanovitch.


"Denúncias falsas"

Segundo o depoimento, Sullivan, indicado por Trump para ser o novo embaixador americano na Rússia, também teria dito a Yovanovitch que ela não havia feito nada de errado. Para a diplomata, sua demissão foi motivada por "denúncias falsas" feitas por "pessoas cujas motivações são claramente questionáveis".

Além disso, Yovanovitch insinuou que sua demissão pode ter relação com os interesses financeiros de Giuliani na Ucrânia. O ex-prefeito de Nova York está no centro das atenções do escândalo após a prisão ontem de dois empresários ligados a ele.

"Não conheço os motivos do senhor Giuliani para me atacar. (_) Mas os indivíduos que a imprensa afirmou que são contatos do senhor Giuliani podem ter acreditado que suas ambições financeiras pessoais corriam risco com nossa política anticorrupção na Ucrânia", afirmou a diplomata no depoimento.

Prisão de aliados

Os dois parceiros de Giuliani, o ucraniano Lev Parnas e o bielorrusso Igor Fruman, foram acusados de ter canalizado milhões de dólares em doações estrangeiras para campanhas políticas nos Estados Unidos. O objetivo de ambos era ganhar influência.

Giuliani já tinha admitido em entrevista ao jornal "The Wall Street Journal" que, antes da saída de Yovanovitch, ele próprio já tinha contado a Trump que a embaixadora discordava das ações do presidente em conversas particulares. Para o advogado, a diplomata era um obstáculo nos esforços para forçar a Ucrânia a investigar Biden e Hunter.

Pedido aos congressistas

Yovanovitch usou o depoimento para pedir ao Congresso que defenda o Departamento de Estado, que, segundo ela, está sendo atacado e debilitado internamente.

"A liderança do Departamento de Estado, com o Congresso, precisa atuar agora para defender essa grande instituição e seus milhares de empregados leais. Precisamos reconstruir a diplomacia como primeiro recurso para avançar nos interesses dos Estados Unidos", destacou.

Após o depoimento, os três comitês da Câmara de Representantes que convocaram a ex-embaixadora a depor — o de Inteligência, o de Relações Exteriores e o de Supervisão — se queixaram em comunicado das tentativas do Departamento de Estado de impedir a audiência.

A Casa Branca avisou nesta semana que não colaborará com as investigações dos democratas e vem tentando bloquear vários depoimentos.

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