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Ex-espião diz que príncipe saudita enviou mercenários para matá-lo

Funcionário de um serviço de inteligência no Oriente Médio alertou o amigo, que vivia no Canadá, sobre o risco que estava correndo

Internacional|Do R7

Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman
Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman BANDAR AL-JALOUD/AFP

Um ex-espião de alto nível da Arábia Saudita revelou, em entrevista neste domingo (24) a um canal de televisão americano, que o príncipe herdeiro do país, Mohamed bin Salman (MBS), enviou uma equipe de assassinos para matá-lo quando ele estava exilado no Canadá.

Em uma entrevista exibida ontem pelo programa 60 Minutes, da emissora CBS News, Saad Aljabri disse ter-se tornado alvo de Riad depois de fugir do país, na esteira da chegada do príncipe herdeiro ao poder, em 2017. Além de espião, Aljabri foi interlocutor entre os serviços de Inteligência do reino e governos ocidentais.

Um amigo de um serviço de Inteligência de um país do Oriente Médio advertiu-o de que enfrentaria um destino similar ao do jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi, relatou Saad Aljabri.

Jamal Khashoggi foi assassinado por um grupo ligado a Riad durante uma visita ao consulado do país em Istambul, em 2018, segundo as investigações.


"A advertência que recebi foi para não me aproximar de nenhuma representação saudita no Canadá. Não vá ao consulado. Não vá à embaixada... Você está no topo da lista", declarou Aljabri na entrevista. 

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O ex-espião afirmou que um grupo de mercenários chegou ao Canadá em outubro de 2018. Foram imediatamente deportados pelas autoridades canadenses, porque haviam mentido aos funcionários da Alfândega e transportavam artigos suspeitos.


A AFP tentou, sem sucesso, comprovar as acusações de Aljabri. O Ministério das Relações Exteriores do Canadá não respondeu às perguntas da AFP.

Funcionários do governo canadense disseram ao 60 Minutes estar "cientes de incidentes em que atores estrangeiros tentaram [...] ameaçar [...] pessoas que moravam no Canadá", descrevendo as ameaças como "completamente inaceitáveis".


Aljabri disse ainda que o grupo que viajou para o Canadá era formado por membros do "Esquadrão Tigre". Segundo uma denúncia judicial apresentada pelo agora ex-espião em 2019, trata-se de uma equipe de assassinos criada pelo príncipe herdeiro que é especializada em "execuções extrajudiciais, estupros e torturas".

O ex-espião afirmou que a missão enviada por Riad segue o padrão de comportamento despótico de MBS. Inicialmente visto como reformista, ele expurgou os opositores de maneira impiedosa desde que se tornou o príncipe herdeiro.

Aljabri denunciou ainda que dois de seus oito filhos foram detidos pelas autoridades sauditas em represália por sua fuga do reino. 

"Eu estou aqui para soar o alarme sobre um psicopata, assassino, no Oriente Médio, com recursos infinitos e que representa uma ameaça ao seu povo, aos americanos e ao planeta", afirmou ele.

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