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Ex-presidente interina da Bolívia foi achada dentro de uma cama

Policiais encontraram Jeanine Añez em sua própria casa após horas de busca; relembre a trajetória, da presidência à prisão

Internacional|Do R7, com AFP

Jeanine Añez foi encaminhada para a capital, La Paz, após ser detida em Trinidad
Jeanine Añez foi encaminhada para a capital, La Paz, após ser detida em Trinidad

A ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, foi detida na madrugada deste sábado (13) em Trinidad, a cidade onde mora, no noroeste do país. Durante horas, policiais a procuraram pela cidade, e chegou a se cogitar que ela teria fugido, possivelmente para o Brasil. No fim, ela foi encontrada dentro do box de uma cama em sua própria casa.

Leia também: Ex-presidente interina da Bolívia é presa após ordem do MP

A televisão boliviana mostrou Áñez chegando ao aeroporto de El Alto, que serve La Paz, momento em que ela acusou sua prisão como "ilegal". Junto a ela, que não estava algemada, estavam o ministro do Governo (Interior) Carlos Eduardo del Castillo e vários policiais.

Ela foi acusada pelo Ministério Público boliviano de sedição, terrorismo e conspiração. As acusações dizem respeito ao período após a eleição de 2019, que foi vencida pelo então presidente Evo Morales. Após acusações de fraude eleitoral e em meio a uma onda de protestos e violência contra seus aliados, ele renunciou à presidência e deixou o país.


Da presidência à prisão

Foi nesse contexto que Jeanine Áñez deixou de ser uma senadora de direita quase desconhecida e se tornou a presidente interina da Bolívia, em uma sessão legislativa atípica após a renúncia de Evo Morales. Com a Bíblia em mãos, jurou reconstruir o destino do país onde hoje foi presa por "sedição e terrorismo".

Em novembro de 2019, esta advogada de 53 anos, opositora ferrenha de Morales, prometeu novas eleições em breve. No entanto, um ano depois, após o adiamento de duas eleições e com a pandemia de coronavírus no pano de fundo, Áñez deixou o poder em novembro de 2020 após a vitória de Luis Arce, do mesmo partido de Morales.


A segunda mulher na história da Bolívia a alcançar o cargo de presidente reconheceu sua derrota contra os rivais de esquerda, que um ano antes ela acreditava que não voltariam a recuperar o poder.

"Parabenizo os ganhadores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia", disse Áñez.


A ex-presidente, que também foi apresentadora de televisão, morava na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni (noroeste), onde foi presa pela polícia com base em uma ordem assinada por dois promotores de La Paz.

No domingo passado, Áñez se candidatou ao governo de Beni nas eleições locais, mas ficou em terceiro lugar com 13% dos votos.

Após a derrota, prometeu que continuaria impulsionando "as oportunidades e o bem-estar para as famílias benianas", sem fornecer detalhes.

No entanto, nesta sexta-feira, assim que soube que era alvo de uma orden de prisão, Áñez afirmou que era vítima de uma mentira e justificou a "sucessão constitucional devido a uma fraude eleitoral" de novembro de 2019.

A saída de Morales

Áñez assumiu a presidência dois dias depois de Morales renunciar após 14 anos no poder, em meio a uma forte convulsão social surgida após as eleições gerais um mês antes.

O então presidente indígena se candidatava para um quarto mandato até 2025, mas os opositores alegaram que houve fraude nessas eleições e exigiram a anulação de todo o processo eleitoral. Em seguida, membros da polícia se amotinaram em todo o país.

Junto com Morales, renunciaram também seu vice-presidente Álvaro García e os presidentes e primeiros vice-presidentes das câmaras dos Deputados e Senadores, todos oficialistas e na linha de sucessão constitucional.

A oposição de então argumentou que não podia haver vazio de poder e que cabia a Áñez, então segunda vice-presidente do Senado, assumir o primeiro cargo do país.

Bíblia, pandemia e prisão

Áñez entrou no Palácio do Governo com uma Bíblia debaixo do braço e prometeu que sua única missão seria convocar as eleições gerais como manda a Constituição em um prazo de seis meses. Ela foi a segunda presidente mulher da Bolívia, depois de Lidia Gueiler (1979-1980), derrubada por um golpe militar.

A repressão policial contra partidários de Morales causou cerca de 35 mortes, segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Apesar de ter prometido apenas convocar as eleições, Áñez anunciou em janeiro de 2020 sua candidatura à presidência, o que gerou críticas de seus opositores e até mesmo de seus aliados.

Com a chegada da pandemia na Bolívia em março desse ano, uma primeira denúncia de corrupção surgiu na compra de respiradores mecânicos espanhóis. Áñez responsabilizou seu ministro da Saúde e o demitiu.

Em setembro, ela acabou desistindo de se candidatar para a eleição presidencial devido às pesquisas que previam sua derrota certa para Arce e os opositores.

Após o retorno do MAS ao poder, a ex-deputada Lidia Patty apresentou em dezembro ao Ministério Público um pedido de investigação e denunciou Áñez, vários de seus ministros, ex-chefes militares e policiais de terem cometido um golpe de Estado.

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