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Ex-primeira-dama do Haiti relata os últimos momentos de Moise

Em entrevista ao New York Times, Martine Moise disse que os assassinos do presidente acharam que ela também estava morta

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Martine Moise esteve no Haiti para o funeral do marido, Jovenel, e depois voltou para os EUA
Martine Moise esteve no Haiti para o funeral do marido, Jovenel, e depois voltou para os EUA

Pouco mais de três semanas após o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moise, a ex-primeira-dama Martine Moise relatou os momentos de terror que viveu na madrugada do dia 7 de julho. Ela revelou que só escapou com vida porque se fingiu de morta e faz um apelo para que os mandantes do crime sejam localizados e presos.

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Em uma entrevista ao New York Times, publicada nesta sexta-feira (30), Martine disse que ela e o marido estavam dormindo quando homens armados invadiram a residência oficial em Porto Príncipe, capital do Haiti. O casal acordou ao ouvir o barulho de tiros e ela só teve tempo de mandar os dois filhos se esconderem em um banheiro, com o cachorro da família.

Terror na residência presidencial

Segundo Martine, Moise pegou o telefone e ligou pedindo ajuda para Dimitri Hérard e Jean Laguel Civil, os dois principais responsáveis pela segurança presidencial, e disse que ambos estavam a caminho. Em seguida, ele falou para ela se deitar no chão onde estaria mais segura, foram suas últimas palavras para a mulher. Os invasores então entraram no quarto e começaram a atirar.


Alvejada no braço e com a boca cheia de sangue, a primeira-dama caiu no chão ao lado de sua cama. "A última coisa que eu vi antes deles o matarem foram as botas. Então fechei os olhos e não vi mais nada", contou ela ao jornal norte-americano. Mas mesmo gravemente ferida, Martine não perdeu a consciência.

Ela conseguiu ouvir os homens conversando em espanhol enquanto procuravam por algo nos arquivos do marido. Várias vezes, eles disseram "não é isto, não é isto", até que finalmente encontraram o que buscavam e foram embora. Um deles, antes de sair, pisou nos pés de Martine, outro iluminou rosto dela com uma lanterna, possivelmente para checar se ainda estava viva.


"Quando eles saíram, achavam que eu tinha morrido", contou a ex-primeira-dama. Ela concedeu a entrevista a uma repórter do Times de um lugar não revelado na Flórida, onde foi hospitalizada após o ataque. Ela está escoltada por diversos seguranças e acompanhada por diplomatas haitianos e por membros da família.

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Na conversa, Martine disse que não queria reviver o horror daquela noite, mas que precisou se manifestar porque não acredita que, entre todos os homens detidos acusados de participação no crime — entre eles 18 mercenários colombianos, dois norte-americanos de origem haitiana e diversos haitianos — não está a pessoa que de fato encomendou o crime.

Para ela, nenhum dos acusados teria os meios financeiros para armar e executar o plano. As famílias mais ricas do país, que tinham uma relação conflituosa com o ex-presidente, seriam as principais interessadas em sua morte, afirma. "Somente os oligarcas e o sistema poderiam ter feito isso", acusou.

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Martine também disse que quer saber o que aconteceu com a equipe formada por 30 a 50 homens que faziam a segurança da residência presidencial sempre que Jovenel Moise estava em casa. Nenhum dos guardas foi ferido ou morto. "Não entendo como ninguém mais foi baleado", disse ela.

A ex-primeira-dama contou que as balas que a atingiram praticamente destruíram seu cotovelo direito, já passou por duas cirurgias e que provavelmente o braço ficará quase inteiramente paralisado. Mesmo assim, ela afirmou que não tem medo, que quer ver os mandantes do crime presos e que, após se recuperar, não descarta a possibilidade de concorrer à presidência.

"Quero que as pessoas que fizeram isso sejam presas, do contrário eles vão matar todo presidente que for eleito. Se fizeram uma vez, vão fazer novamente", declarou. "O presidente Jovenel tinha uma visão para o Haiti e nós não vamos deixar que ela morra com ele".

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