Exército rohingya matou hindus em Mianmar, diz Anistia Internacional
Entidade diz que massacre foi levado a cabo por combatentes do Exército de Salvação Arakan Rohingya; pelo menos 53 hindus foram executados
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
Um grupo armado de muçulmanos da etnia rohingya foi responsável por pelo menos um massacre contra hindus no interior do estado de Rakhine, em Mianmar, informou a Anistia Internacional em relatório divulgado nesta quarta-feira (23).
Segundo a entidade, o ataque foi perpetrado por combatentes do Exército de Salvação Arakan Rohingya (ARSA, na sigla em inglês) — que também são suspeitos de outro massacre envolvendo quase cem mulheres, homens e crianças hindus, além de assassinatos e sequestros ilegais de aldeões hindus no ano passado.
O relato da Anistia diz que em 25 de agosto de 2017, "homens armados vestidos de preto, e aldeões rohingya locais à paisana, juntaram dezenas de mulheres, homens e crianças hindus. Eles roubaram, amarraram e vendaram os olhos antes de leva-los para os arredores da aldeia, onde separaram os homens das mulheres e crianças pequenas. Poucas horas depois, os combatentes do ARSA mataram 53 dos hindus, em estilo de execução, começando com os homens".
Para a organização internacional, o massacre do exército rohingya contribuiu para as ações de "violência desproporcional por parte das forças de segurança de Mianmar", registradas em agosto de 2017. À época, a polícia birmanesa matou rohingyas e ateou fogo a vilas inteiras onde vivia a população, forçando mais de 600 mil a fugir para Bangladesh.
A Anistia reforça que é urgente o acesso de investigadores independentes da ONU (Organização das Nações Unidas) ao estado de Rakhine: "Responsabilizar essas atrocidades é tão crucial quanto é para os crimes contra a humanidade levados a cabo pelas forças de segurança de Mianmar".
Histórico de violência
Historicamente, os rohingyas são perseguidos pelo Estado em Mianmar, com acesso restrito pelo governo a instituições de saúde, educação e sistemas de transporte — o que condena seu povo a sobreviver sob riscos permanentes. A repressão se intensificou desde 2012, quando uma onda de violência entre as comunidades budista e muçulmana tomou conta do país.